Sexta-feira, dia 24 de abril.
Eram 18h da tarde quando digo adeus ao trabalho. Hora de ir para o 1º We Live in Hell Fest e conferir as bandas Velocaos, Dinamite Club, Rawfire e Running Like Lions, além do Andrew Paley, membro do The Static Age, que aterrissou no Brasil para realizar alguns shows solo em São Paulo.
Mas antes, uma parada rápida em casa. Moro mais ou menos perto do Hangar 110, achei que daria tempo de trocar de roupa, tirar a porra do sapato, vestir uma bermuda no lugar da calça, comer alguma coisa e conferir sem problemas todos os shows.
Engano! Já perto do Hangar percebo que chegar quase às 20h não foi um bom negócio. O Velocaos já se encontrava no palco e quase no fim de sua apresentação. Foi o tempo de tirar algumas fotos do grupo, ouvir a música “Linha Tênue” para logo depois encerrarem. Já falamos sobre eles aqui, saiba mais acessando este link: http://migre.me/pCYWQ.

Antes disso tudo, fui cumprimentar o Eduardo Landlord, organizador do show e proprietário do site We Live in Hell, que dava nome ao evento. O site do Eduardo é daqueles lugares na web que praticamente são como a Wikipédia, só que de bandas. Apesar de falar também das nacionais, o forte do We Live in Hell está nas bandas internacionais de street punk, hardcore melódico, entre outras do gênero. Você pode visitar o site clicando AQUI.
Logo depois do Velocaos, surge no palco o Dinamite Club. Sendo sincero, a banda faz um pop punk bastante interessante de se ouvir, mas prepare-se para o que vou escrever neste momento. Você pode gostar ou odiar, ou até dizer “que viagem”. Lá vai:
Eles são uma mistura de CPM 22 com Dead Fish.
Pronto, é isso! O “potencial comercial” da banda é muito forte, letras bem trabalhadas e existencialistas, algumas beirando a auto-ajuda (sim!). Se continuarem se mantendo nessa pegada, talvez façam alguma diferença e se sobressaiam no independente. Focaram o set list do show no mais recente álbum “Tiro & Queda”, lançado no final de 2013. Apesar de algumas zicas durante o show, como cabo de guitarra se soltando do amplificador, e o amplificador de baixo dando certo pau antes do início de uma das músicas, parando o show dos caras por alguns minutos, eles receberam muitos aplausos e deram conta do recado. É uma banda para se prestar atenção.
Confira o som deles no Bandcamp do grupo clicando aqui. A Spidermech nos enviou o álbum da banda, logo menos tem resenha de “Tiro & Queda”.

Quebrando um pouco do clima mais hardcore do show até aquele momento, foi a vez do americano Andrew Paley mostrar seu trabalho solo. Com a cara e coragem, tocou durante uns 35 minutos no estilo voz e violão. Simpático, agradeceu o público presente e elogiou a boa recepção aqui no Brasil. Mesmo apresentando um estilo mais calmo e bem mais intimista durante o show, soando até um pouco “um peixe fora d’água” no evento, Andrew talvez tenha conseguido admiradores. Eu, por exemplo.
Conheça o trabalho do Andrew clicando aqui: http://andrewpaley.bandcamp.com/.

O penúltimo show da noite foi com a banda Rawfire, que tocou desfalcada. Os caras chamaram o Marcelo, batera do Chuva Negra, para assumir as baquetas e substituir, pelo menos nesse show, o Jaime Xavier (batera oficial da banda). Até que deu certo, mas o sentimento de que o Rawfire estava levando o show apenas como ensaio tornou a apresentação deles aquém do esperado.
Isso também foi a percepção do Vitor, japinha que conheci no evento e que chegou antes da apresentação da banda. O We Live in Hell sorteou algumas camisetas e CDs e o Vitor, sortudo, foi um dos premiados. Imagine a felicidade do cara? Na volta pra casa ainda reencontrei com ele no metrô Armênia, concordamos que o Rawfire causou menos impacto do que o esperado, mesmo rolando um cover do Flatliners.
De qualquer forma, vale citar que a banda é uma das mais promissoras do hardcore nacional e que, independente da nossa opinião sobre o show, os caras merecem o destaque que vem se ampliando por aí. No Hangar focaram o set list do show entre os álbuns “Minds On A Hunt”, de 2013, e “Keep In The Garage”, de 2011. O batera oficial deles, o Jaime, que estava num outro compromisso, acabou chegando durante a apresentação da banda e conseguiu tocar uma música com eles. Ouça o Rawfire aqui: http://rawfiresp.bandcamp.com/.

Por último, e com certeza o melhor show da noite (não à toa, obviamente), Running Like Lions. O show de lançamento do álbum físico de “Into The Pride” foi marcado pelo sentimento de vitória da banda em conseguir, depois de tanto tempo, correrias, dificuldades, entre outros obstáculos naturais do independente, disponibilizar fisicamente o fruto do suor, amor e liberdade que só a música traz e é capaz fazer por uma banda.
A amizade entre as bandas Rawfire e Dinamite Club foi outro fator determinante para o show, tornando a apresentação do RLL ainda mais forte. Em “Tip Of My Toes” houve até troca de bateristas, assumindo as baquetas nessa música o Jaime Xavier, do Rawfire.

O show seguiu numa sequência de tirar o fôlego, na minha frente estava uma banda a frente de seu tempo, exercendo com qualidade técnica excelentes canções, traduzindo numa apresentação de quase 50 minutos o sentimento de estar livre, mesmo que por pouco tempo (devido a outras obrigações da vida), além da verdade de se conseguir fazer o que mais se gosta no mundo – independente de tudo, independente de todos.
Encerraram com “Mission Accomplished”, ou seja, missão cumprida. Ouça “Into The Pride” clicando aqui, mas não deixe de adquirir o CD físico dos caras, você terá em mãos o significado de se fazer hardcore num tempo onde as pessoas agem com cada vez mais dificuldade de saírem de suas casas para prestigiarem a música.
Foi uma noite de inferno, onde o paraíso esteve presente.
P.S. – Só esqueci de falar que a crise hídrica chegou no Hangar, pois uma garrafinha de água custou R$ 5.