A introdução logo de cara já te faz ficar em estado de alerta. E assim que se ouve o primeiro acorde seguido do vocal rasgado cantado em inglês, a sensação é que estamos voltando um pouco no tempo, perdido em alguma garagem em Seattle nos idos dos anos noventa. Em princípio, é isso que se pode concluir ao ouvir o EP de estreia da banda Troublemaker. Só que o mais legal de tudo, é que não precisamos voltar no tempo, pois o som foi feito atualmente e essa garagem fica em São Paulo, em pleno 2014.
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Troublemaker ao vivo |
Formada em 2013, por Guilherme Maia (voz e guitarra), Fábio Frank (guitarra), Vitor Cunha (baixo) e Lucas Faria (bateria), a banda apresenta uma mistura bem interessante do rock alternativo que eclodiu durante a década de 90 com a viagem musical dos anos 70. Por isso, ouvindo as músicas, não é à toa que venha na mente bandas como Nirvana e Black Sabbath. O curioso é que no começo a banda se chamava Blue Dream, nome esse dado pelo ex-baixista. Começaram a tocar apenas por diversão, sem muitas pretensões, mas durante esse tempo, a banda finalizou as músicas que vieram a fazer parte do primeiro EP. Porém, antes das gravações o baixista resolve sair, pois não estava satisfeito com a sonoridade da banda. Com isso, os caras recrutaram um novo baixista, entraram em estúdio e resolveram mudar o nome da banda, e tiveram como inspiração as suas próprias experiências sobre bebedeiras seguidas de alguma merda que sempre acontecia quando os caras passavam da conta. Por isso a banda passou a se chamar Troublemaker. Bem sugestivo o nome, não é?
Em maio deste ano, lançaram seu primeiro EP, o intitulado “Sheep”. Que foi todo produzido pela banda, no Dinamite Studios, local esse que é de propriedade do próprio vocalista Guilherme Maia. O álbum conta com cinco sons, onde podemos sacar, além das influências já citadas, uma pegada alá Mudhoney e Melvins em sons como “Pulse” e “Guess Who”, passando por um som mais psicodélico em “Drive me Crazy” e “Suspicious”, fechando o disquinho com “Stone Cold”, que com certeza é a música mais trabalhada dos caras, com uma introdução mais melancólica no naipe de bandas como Sunny Day Real State, seguindo do vocal rasgado e raivoso.
Mas, indo mais a fundo na sonoridade da banda, é possível sentir uma outra grande influência, visível praticamente em todos os sons, seja na parte instrumental ou na vocal, pois não tem como ouvir as músicas e não pensar na lendária banda Green River como referência.
Logo depois, ao invés de ficarem indo de porta em porta na tentativa de descolarem um show para lançar o EP (coisa muito complicada de se fazer por aqui, diga-se de passagem), eles próprios trataram de organizar um show de lançamento no Dinamite Sunset, que foi realizado junto com a banda Sky Down e que também estava lançando o seu primeiro disco, o “Nowhere” (para baixá-lo,clique aqui). Bom, com tudo isso, não tem nem como você dizer que esses caras não respiram o espírito do “Faça Você Mesmo”.
A banda ainda está dando os seus primeiros passos. E muitos dirão que o som só é bacana por trazer uma sensação de “nostalgia”. Mas não é essa a proposta da banda, muito menos em se tratando de rock, pois o mesmo não envelhece. Muito pelo contrário, está cada dia mais rejuvenescido com o passar do tempo. E é em bandas como o Troublemaker, que toda essa ideia sobre o rock é bem verdadeira. Esperamos que eles não parem nesse primeiro EP. Pois um disco cheio cairia como uma luva nesse momento, e mostraria que eles ainda têm muita coisa a dizer.
Contato:
troublemakerbrasil@gmail.com