“Essa é uma música antifascista”, canta inglês a banda Statues on Fire na faixa “Refuse to Die”. Com essa frase a banda dá o tom do seu quarto lançamento que foi intitulado apenas como “IV”. O disco, que mantém a fúria e o hardcore mais vivo do que nunca, é praticamente perfeito. Para ser nota 10 de 10 bastava ser lançado no mesmo dia que a prisão do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro (o que não dá para prever quando acontecerá, mas acontecerá). Isso seria a sincronia perfeita para um álbum e músicas que retratam o Brasil dos últimos anos. Mas sabemos que no nosso país certas coisas costumam demorar demais para acontecer e os últimos quatro anos mostraram que podemos retroceder décadas e décadas.
A Statues on Fire sabe muito bem o que aconteceu com a gente ao longo desse período e faz questão de lembrar nas faixas “Refuse to Die”, I Hate Your God, Strong, Tear You Apart e No Compromise. Todas trazem as perspectiva sobre algum momento sombrio do que vivemos e ainda estamos passando, seja pelo uso da fé para corromper os próprios valores julgados cristãos, a filosofia de guerra implantada na cabeça de milhões para gerar conflitos entre o povo. Isso sem contar a desfaçatez do uso político e da máquina pública para benefícios individuais ou de apenas um pequeno grupo da sociedade.
Em uma breve comparação com os álbuns antecessores da banda – “Phoenix” (2014), “No Tomorrow” (2016) e “Living in Darkness” (2019) – o disco “IV” segue a mesma qualidade e preocupação artística, musical e ideológica do grupo. No entanto, esse lançamento é fruto de uma carga pós-pandemia, que inevitavelmente traz sentimentos sobre vida, morte e esperanças de forma ainda mais intensa. O hardcore melódico da Statues on Fire é quase que uma trilha sonora sobre diversos acontecimentos e quer gritar que muitos de nós conseguimos sobreviver ao genocídio. Porém, com isso devemos honrar e fazer valer nosso tempo presente em nome daqueles que acabaram sucumbindo e não puderam resistir.
O amor também está presente nesse trabalho, pois um dos maiores atos de resistência nesse período de trevas e de violência é continuar acreditando no bem e no no amor. A faixa “Love Will Drive Us” claramente busca nos dizer que “o amor levará todos nós a um caminho melhor”. Mais do que ser apenas bonito de ouvir, é uma filosofia interior capaz de grandes revoluções pessoais. Infelizmente, essa não tem sido a verdade dita por religiões e muito menos por aqueles que assumem cargos de liderança importante no país. A bancada da bala, do agronegócio e evangélica é o retrato do Brasil que quer acabar com o Brasil.
Já a música “Strambio” faz referência ao falecimento de Alexandre Strambio, mais conhecido como Alex Bucho. O músico morreu em 2021 e deixou um legado gigante para o mundo da música extrema. Sem contar os milhares de amigos que sentiram e sentem a sua perda até hoje. Além da homenagem, a música carrega uma das mais belas mensagens de amizade, dor de perder alguém e a própria perca da esperança nesses momentos da vida/morte.
No Brasil, o álbum “IV” da Statues on Fire é um lançamento via Repetente Records, selo de integrantes da banda CPM 22. Já o vinil desse álbum irá sair pela @rookie.records e o CD pela @snubbed_records. A capa do disco é assinada por @drawordie_art e o álbum conta com produção de Nobru Bueno.
Até o momento a banda lançou o clipe da faixa de “I Hate Your God”, sendo realizado pelo projeto Gravando Bandas com direção de Derick Borba, que já trabalhou para canais como Multishow, Bis, MTV, ESPN e Canal OFF, entre outras dezenas de artistas.
Para ouvir o quarto álbum da Statues on Fire basta CLICAR AQUI.
