Por Rafael Galhardo
Eu já não aguentava mais andar na Teodoro Sampaio (uma rua aqui de São Paulo). Junto com o Mateus, o cara que iria tirar algumas fotos do evento, estava subindo a rua inteira quando – do nada – demos de cara com o Ronaldo Passos (guitarra do Inocentes) e com Ivan Valle (baixista do Run Devil Run).

Nós já tínhamos passado batidos pelo local do show e nem percebemos, fomos com eles pra lá, já tinha um pessoal lá na frente, além do Ronaldo e do Ivan, dou de cara com o Barata (do DZK), Wendel Barros (Cólera), Leo Moraes (Luta Civil), Luiz Teddy (vocalista do Krents e Run Devil Run) e uma série de outros grandes representantes da cena do punk e do rockabilly nacional.
Acho que até por gosto próprio eu esperava mais rockers e Pin Ups que os punks, mas eu estava muito errado… Cada vez mais gente ia chegando, passamos um tempo na porta trocando ideia com o povo, ajeitando detalhes e decidindo onde ficaríamos para que o Mateus pudesse tirar as melhores fotos e acompanhar bem a vibe do show. Decidimos que o melhor local era na boca do palco mesmo. Estava frio lá dentro por conta do ar condicionado, preferi ficar lá fora com o pessoal. Tirando os shows do Ira!, que é a minha banda preferida, acho que pela primeira vez fiquei ansioso para um show, algo grande ia acontecer.

Estava no corredor conversando com o Ronaldo e o Ivan, quando o Leandro Franco (baterista e vocal do Asteróides Trio) chega para avisar sobre o início do show. Estava na hora…
Os integrantes do Subviventes começaram declamando um texto, gritando liberdade e anarquia, o estúdio onde tudo foi gravado estava lotado, a massa gritava junto, cantava cada música. O lugar esquentou de um jeito surpreendente, quando o Barata subiu no palco foi demais! Do nada no meio da música ele desce e começa a cantar com a plateia ali da frente, sobe de volta, mas o tempo inteiro oferece o microfone pra que todo mundo cantasse, esse tipo de atitude poucos tem, pra mim isso é punk de verdade!
Com um playlist fazendo um misto das músicas do álbum Punkabilly e musicas de outros trabalhos, o Asteróides Trio fez um show completo. O tempo todo o Leandro avisava que não deu tempo de ensaiar com os convidados, na verdade creio que se tivessem ensaiado não teria sido tão bom. O Luiz Teddy subiu no palco e cantou com eles uma das minhas músicas favoritas – “Teddy foi o primeiro da gangue a morrer”. Com a atitude psycho nada ali ficou faltando, aliás, o nada no show ficou devendo, um punk sujo, pesado, mas feito com uma guitarra acústica e com um baixo rabecão, esse é o segredo para o punkabilly, difícil é conseguir ter a atitude punk e o jeito rocker que esse trio tem.
Para quem nunca ouviu esses caras ao vivo, vai ter a chance de ter um aperitivo daqui um tempo com o DVD, porque nada se compara a estar lá. O show foi indescritivelmente foda! Pra mim o ápice foi a música Pátria Amada, dos Inocentes. O Ronaldo fez o solo final tão característico dessa música a uns dois palmos do meu rosto, eu cresci com esse som e cara, foi demais a experiência de ouvir uma versão rockabilly e tão fiel!

A única coisa que eu não curti, como rocker, é ver que o punk é um movimento tão unido, fiel e forte e o rockabilly vive de intriguinhas. E isso é uma coisa da maioria das principais bandas do meio, mas também sei que pelo menos que com isso a atitude punk vai continuar e fazer aparecer novas bandas tão boas quanto as bandas que criaram esse estilo.
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