Certa vez avistei o André no metrô Tamanduateí. O guitarra e vocal do Muff Burn Grace não me viu, seguíamos em caminhos opostos. Ele em direção ao trem talvez para o ABC Paulista, enquanto me arrastava para a escada rolante no sentido da Linha Azul do Metrô (quem é de SP tá ligado qual é). Ambos estávamos escondidos em nossos casacos e lutando contra o frio da cidade, do transporte e das pessoas.
Essas palavras iniciais que não tem nada a ver com nada, no fundo representam um pouco do novo álbum da banda, lançado no último sábado (27) e que leva o nome de “Urbano”. Com 10 faixas de stoner que apesar de não inventar a roda desempenha com gosto o propósito do trio de levantar o pó da mesmice e arrancar sorrisos felizes de pessoas que admiram o gênero e, principalmente, daqueles que acham que só existe o Queens of The Stone Age como representante.
Urbano é uma paulada no cenário cinzento da cidade, dá uma leve colorida nos dias e transforma toda aquela sensação de “salve-se quem puder” em “foda-se vai, vamos nos divertir antes de morrer”. Talvez nem tanto assim, mas com certeza mexe com você. Sem contar que o som automaticamente faz você viajar para os anos 1970, toda aquela psicodelia é meio que transmitida pelos pedais fuzz do André (guitarra) e do Ricardo (baixo). Preciso mesmo falar da batera do Juninho Bacon? Acho que não, precisa?
Gravado em dezembro de 2015 no Estúdio Costella e mixado e masterizado por Alexandre Capilé (Sugar Kane/Water Rats), o álbum enche os ouvidos logo nos primeiros acordes de “Black River” e que sem dúvida dá aquela pitada de Fu Manchu, com colheradas de Kyuss no decorrer do disco que deixariam qualquer banda de garage rock pensando “caralho, que disco!”.
Você ainda vai ver e até ouvir muita gente falando do “Urbano” e por um bom tempo, mas não esquece de ver o show dos caras e de comprar o merch da banda. Eu já vi o show deles e tenho certeza que você verá raios invadindo o palco onde esse trio estiver. Quer som? Então vá de Muff Burn Grace.
Nós agradeça depois.