Os caminhos para o progresso no Brasil são sempre tortuosos, cheios de curvas e na maioria das vezes no levam a crer que nada mudará. “Assim é o Brasil”, diriam alguns. Se manifestar a favor de mudanças e buscar por igualdade e justiça significa comprar uma briga contra o status quo. É difícil vencer uma guerra que já existia muito antes da gente nascer, estamos sempre enfrentando retrocessos e conquistando frustrações e angústias ao invés de vitórias.
Mas tudo isso, que deveria ser um motivo para abandonar a luta, acaba se tornando um combustível ainda forte em nós, nos levando para caminhos que exigem resiliência, nos confortando moralmente em bons aliados e ainda fazendo crer que, diante do caos e da revolta, existirá motivos para sorrir, agir e vencer.
Ouvir a Make it Stop e o seu EP “Sobrevivência”, é mais ou menos como um combustível. Do início ao fim do EP, a banda se mantém com a mesma energia e é de se imaginar como seria assistir o grupo ao vivo. A banda, com origem em Sorocaba, interior de São Paulo, é um quinteto formado por Murillo Fogaça na voz, Felipe Fogaça na guitarra e voz, Wellington Conservani no baixo, Diogo Camargo na guitarra e Vinicius Knup na bateria.
Antes do “Sobrevivência”, eles lançaram os EPs ‘Respirando Esperança’, de 2016, e ‘Amparo’, que saiu um ano depois. Todos você encontra nas plataformas digitais. Além disso, a banda faz parte da Coletânea do Projeto Sangue Preto. Um dos trabalhos mais pesados e intensos de 2020.
Mas voltando ao EP, o grupo também aproveitou o lançamento deste trabalho para propagar em conjunto um “webzine” com as letras do próprio a EP. Sem contar no clipe de “Transformando a Consciência em Força”.
Essa obra é algo bem interessante e conta com sete faixas e participação de Chris Justino, da Vermenoise, e July Salazar, da Tomar Control. São diversas as mensagens no disco/zine que remetem a depoimentos, filmes, livros e até documentários no YouTube.

Como citado, do início ao fim a banda mantém a energia passando pelas faixas de ‘Distorção’, ‘Pela Base’, ‘Transformando a Consciência em Força’, ‘Cegueira’, ‘Narrativas De Combate’, ‘Não Confio e ‘Ataque Punitivo’.
A manifestação cultural presente em todo o projeto simboliza o valor da consciência de classe, do humanismo e a necessidade de abordar temas e realizar questionamentos que busquem apontar a sociedade para caminhos mais plurais, de convivência pacífica, mas sem perda de direitos.
Sobrevivência é um álbum forte e que retrata não só o momento que estamos vivendo diante da necropolítica no Brasil e no mundo, mas um registro histórico sobre a luta pela nossa sobrevivência com dignidade. Ao invés de citar influências musicais do grupo ou dar mais detalhes sobre a origem da banda, é importante ouvir e ler o que a banda tem a dizer. A revolta sempre será um bom combustível para a luta.
Abaixo, uma mini entrevista com a banda. Conversamos com o Felipe Fogaça por e-mail. Confira o papo e depois ouça e siga a banda por aí.
De onde partiu a ideia de lançar um EP junto com um webzine e se vocês possuem referências nesse sentido. Agradeço se puderem mandar o link se existirem projetos inspirados nesse.
Felipe Fogaça: Através do Hardcore/punk, conheci diversos livros, filmes, documentários que impactaram muito na minha vida e de toda a banda, imaginamos que seria legal fazer um material no formato de zine para explicar melhor cada som, colocar referências e imagens para as pessoas viajarem e se aprofundarem mais além da música. Alguns materiais que nos inspiraram foi o encarte da Coletânea do Projeto Sangue Preto, o zine do Não é Nada e o zine impresso do Time and Distance.
Lançar um disco como esse, no meio de uma pandemia, o que motivou vocês e como acreditam que a arte pode gerar consciência para assuntos como esses que vocês abordam?
Felipe Fogaça: Quando começamos a gravar não tínhamos ideia de como seria 2020 até então, no momento que finalizamos o material, estourou a pandemia no mundo, então refizemos alguns planos do lançamento e apostamos em outras coisas, cada um fazendo na segurança da sua casa. Só optamos por lançar na pandemia porque acreditamos que são assuntos que não podem esperar para ser ouvidos, queremos que nossas mensagens despertem reflexões a quem vier a ouvir esse material.
Como pensam o futuro da banda no meio disso tudo que estamos vivendo, não só socialmente, mas culturalmente também. Há futuro?
Felipe Fogaça: É difícil falar com certeza sobre o futuro, porque a cada semana novas coisas estão acontecendo, mas podemos afirmar que vamos continuar trabalhando forte, independente se for virtual ou tocando juntos, queremos lançar novos vídeos, merchs, entre outros conteúdos. O futuro depende de nós corrermos para fazer acontecer.
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