A música “Forget”, que inicia o álbum “…nowhere” da Sky Down, me fez lembrar um pouco o clipe da música Song 2, do Blur. Com alguns segundos de melodia calma e vocal baixo o que veio a seguir foi uma verdadeira voadora nos meus ouvidos. Igual ao Damon Albarn no clipe do Blur, também fui jogado contra a parede.
A Sky Down hoje é a única banda que consigo imaginar sendo entrevistada pelo Tony Wilson, em seu programa So It Goes, na extinta Granada Television. A música “Nowhere”, que intitula o álbum da banda, ficaria perfeita sendo apresentada ao vivo no programa, melhor ainda seria se a apresentação fosse no período da TV em preto e branco. Mas acho que aí já estou querendo demais.
Algumas das principais bandas dos anos 70 passaram por este programa, no filme Control, sobre a história do Ian Curtis e o Joy Division, uma das melhores cenas do longa é exatamente essa sobre a primeira aparição do grupo no programa, consequentemente na TV.
Com um álbum denso e que navega quase por uma obscura sonoridade, porém com muito peso, a Sky Down parece ter nascido na década de 90 em Seattle, bebido de todas as fontes possíveis dos anos 70 e criado para si, com o lançamento de “…nowhere” em pleno 2014, a sensação de um álbum já clássico, com todas as qualidades necessárias para se fazer fincar na história do rock.
Formada por Caio Felipe (vocal e guitarra), Tales Lobo (baixo) e André Ricardo (bateria), a Sky Down traz um som vindo direto de lugares sujos e podres, além de pequenos e escuros, onde caras como Charles Bukowski escreveriam poemas iguais ao de “quatro e meia da manhã”.
Antes de encerrar, é preciso ressaltar a belíssima capa do álbum que conta com uma imagem da série “Heroines” do fotógrafo Lincoln Clarkes. Não consegui descobrir se o fotógrafo se baseou especificamente para essa imagem na foto de capa do álbum Rock and Roll, de 1975, do John Lennon, pois as semelhanças são grandes. De qualquer forma, isso só contribui para tornar “…nowhere” um álbum clássico, elevando a atual história da música nacional no meio de tanta coisa banal e fugaz.
Ouça, mas se proteja quando for jogado contra a parede.