Praga de Mãe é uma banda com origem no interior de São Paulo que no dia 7 de setembro, data que se comemora a independência do Brasil, aproveitou o clima de “golpe” instituído pelo atual presidente do país, que preferimos não citar o nome, para lançar o clipe da faixa “Brasil Nunca Mais”. A música faz parte do disco “Cramunhão”, que está disponível em todas plataformas e em formato especial (K7 + fanzine + camiseta).
O projeto todo é encabeçado pelo Fred Di Giacomo, jornalista e músico que também lidera o selo Pássaro Punk Records. Em relação ao disco, ele foi gravado no banheiro do Fred, na época que ele morava em Berlim, na Alemanha, no ano de 2020. Já a masterização e mixagem foi realizada em São Paulo, no estúdio caseiro de Mazzaropi Antichrist.
No caso da animação, a assinatura é de Mordechaj SkullCrusher (se souber falar esse nome me avisa). Todos os arranjos, violão, programação sampler e vozes são assinadas pelo próprio Fred (one man band). No entanto, por valor de origem do grupo, Fred avisa que Praga de Mãe foi, é e será: Gabeza Praguinha (bateria), Marcoti Soneira (guitarra) e Fred Bodão (baixo e voz).
Letra de “Brasil Nunca Mais”
Morto-vivos e zumbis
te chamam de revolução
Anos de chumbo deixaram
O país em putrefação
Brasil nunca mais!
Não!
Se a tortura voltar
E a censura te calar
A Amazônia vai virar pasto
E o pastor comer teu cabaço
Brasil nunca mais!
Não!
Opinião: A música é aquele velho punk rock old school que faz uma mistura também com o metal. Lembra um pouco o Ratos de Porão nos anos 1980. Claro que nesses casos é muito difícil entender a letra logo de cara, mas a música é o conceito espiritual de toda essa parada, representando a raiva e o incômodo de um Brasil em retrocesso, caminhando para lugares tenebrosos dia após dia. É estranho ver pessoas saindo para as ruas torcer por um país pior, sem se importar com a corrupção, dos direitos sendo cancelados, do aumento da inflação e querendo que certos “mitos” continuem subjugando a liberdade e ameaçando a democracia. O clipe, muito bem produzido, representa essa alienação e o sentimento de não existir fuga de nada disso. Estamos longe de uma saída, mas ao menos teremos a arte para usar como forma de contestar e registrar esse momento. Atualmente, não basta ser apenas contra esse governo, precisamos retratar essas mazelas e nos manifestar publicamente contra tudo isso. Os “cidadãos de bem” são poucos e chatos, mas a maioria precisa saber enfrentá-los para que o Brasil não retorne ao período de chumbo de nossa história. Ahh, o nome “Praga de Mãe” é ótimo.