Na última sexta-feira, dia 05, foi dado início ao projeto Noise Free, evento produzido pela Associação Cecília e a NWO Produções. Em sua primeira noite, que será realizado em todas as sextas-feiras dos meses de setembro, outubro e novembro, o evento tem a proposta de trazer bandas da cena independente nacional tocando um som acústico, com a entrada no valor de R$ 5 reais, sendo este valor destinado às bandas participantes.
A Casa Cecília, localizada na Rua Vitorino Carmilo, na Santa Cecília, é uma associação voltada para diversos projetos culturais. Além de promover eventos musicais, também realizam exposições, workshops e possui uma produtora de vídeo, estúdio de dublagem e gravação, ateliê de arquitetura e até estúdio de tatuagem. Como é descrito na página da Associação no Facebook,“a proposta é inovar e incentivar a arte usando a política do faça você mesmo”. Mais “faça você mesmo” que isso, impossível.
Banda Blear – Foto por Toni Dissidente
As portas da casa abriram às 19hrs e chegando lá fui muito bem recebido pela Mariângela. Foi ela quem me contou detalhes sobre a casa e seus projetos. E o espaço impressiona logo de cara pela estrutura e pelos serviços disponibilizados. Além de uma sala destinada a exposições, possui um espaço bem bacana para comportar a galera, um palco muito bem montado e boa aparelhagem. Alguns quadros de artistas que fazem parte da associação decoram o espaço e dão um charme especial ao local.
Outro ponto positivo é a lanchonete da casa que recebeu elogios pelos diversos lanches e preços justos à disposição do público. O bar, com refrigerantes e cerveja, além dos drinks, também estavam com um preço bem acessível. Se você mora pela região, e ainda não conhece o espaço, não fique aí marcando e aproveite para conhecer. E mesmo quem mora um pouco mais longe, recomendo que vá, porque com certeza você irá querer voltar outras vezes.
As bandas que se apresentaram nesta noite foram a Mudhill e o Blear. Duas bandas de rock alternativo de São Paulo que estão na estrada já a algum tempo, fazendo muito barulho com suas músicas autorais e lembrando um pouco o grunge. Um exemplo claro que o estilo, tão popularizado nos anos 90, existe até hoje e que continua (e continuará) ecoando por aí. Para a felicidade de todos.
Por volta das 20h30 o Mudhill inicia o seu show. A banda, formada no ano passado, conta com Zeek Underwood (guitarra e voz), Ali Zaher (baixo), Brunno Carvalho (guitarra e voz) e Rodrigo Montorso (bateria). O grupo lançou em 2013 o seu primeiro EP, “Danger”, que conta com quatro sons. Se você é fã de Dinosaur Jr., Sugar, Husker Dü, com certeza vai pirar nessa ótima banda.
O som, apesar de acústico, não ficou devendo em nenhum momento. Pelo contrário, só mostrou que a melodia e o timbre da banda também funcionam muito bem no formato “desplugado”. Algo que acredito que também tenha colaborado com isso e a forma como foi planejado o mapa de palco, somente com o vocal em pé e os demais integrantes sentados, lembrando até o acústico da Legião Urbana, saca? Fazendo com que o frontman possa interagir mais com o publico.
Mudhill: Ali Zaher (baixo), Rodrigo Montorso (bateria), Brunno Carvalho (violão e voz) e Zeek Underwood (violão e voz) – Foto por Toni Dissidente
Ao vivo os caras mandaram muito bem mesclando a energia do formato convencional (guitarra, baixo e baquetas) com a proposta mais limpa e melódica do desplugado. A banda tocou três músicas do EP, foram elas a “Do It Yourself”, “Beat’em or Join’ em” e “Memories Run Free”. Os outros sons, para citar alguns, foram “Dust me Off”, “It Might”, “Just Look Back”, “Not About Survival”, “Decisions” e “I Found This”. Essas músicas provavelmente irão fazer parte do primeiro álbum do grupo, ainda sem previsão de lançamento.
Ouvindo o EP e assistindo o show acústico fiquei na estiga de vê-los ao vivo de forma “elétrica”. Com certeza ainda vamos ouvir falar muito dessa banda, inclusive aqui no Nada Pop. Recomendo para você que ainda não conhece, ouça o som dos caras clicando AQUI.
Encerrando a noite musicalmente, foi a vez da Blear fazer outro show muito bacana. O grupo, também formado em 2013, conta com Erick Alves (guitarra e vocal), Anderson Lima (baixo), Rodrigo Lima (guitarra) e Vitor Kajiro (bateria). A banda possui uma linha alternativa, porém mesclando muito com o lado mais psicodélico do estilo. São nítidas as influências de Sonic Youth, Nirvana e Dinosaur Jr.
Os caras se estruturam no palco de forma parecida com a Mudhill, com o vocal em pé e o restante da banda sentado. Já havia visto o som da Blear ao vivo, com toda a barulheira bem feita típica da banda, mas o som do grupo também funcionou muito bem na forma acústica. Tocando músicas mais melódicas sem deixar as mais pesadas (e gritadas) de fora do setlist. Rolaram os sons “Bathroom”, “Fuck Me”, “Kiss and Say Goodbye” (cover do The Manhattans), passando por “Melting Sun” e “Broken Mirror” e encerrando com “Monday”.
O ponto alto desse show foi a performance do vocal (Erick), que ia da calmaria em alguns sons para o frenesi total em outros, berrando sem usar o microfone, levantando o violão como se fosse a sua guitarra e agitando como se estivesse em um show “plugado”. Ainda sim, com todo esse “carisma no palco”, a performance dos outros integrantes da banda não foi ofuscada. Resumindo este brilho acústico: um “showzásso”!
Noise Free – Associação Cecília – Foto por Toni Dissidente
Pontualmente às 22h o show acabou, mas nem por isso a noite tinha terminado na Casa Cecília. Como é de costume em outras casas, onde mal é tocado o ultimo acorde e já apagam as luzes e pedem pra você vazar o mais rápido possível, na Casa Cecília o esquema é completamente diferente. Você pode ficar por lá, trocando uma ideia, admirando os trabalhos dos artistas espalhados pelo espaço, bebendo e comendo de boa e interagindo com a galera. O que deixa qualquer um bem à vontade, se sentindo em casa. Show de bola a Associação e todos os que a fazem funcionar.
Eu fiquei por lá por mais um tempo, revi alguns novos amigos, conheci novas pessoas e bandas e saí de lá satisfeito e feliz por saber que existem várias pessoas fazendo as coisas acontecerem. Por mais que haja dificuldades (como em todo lugar que se propõe a fazer algo cultural), eles estão aí, fazendo de tudo para difundir arte e cultura. O espírito do “faça vocês mesmo” está bem vivo na Casa Cecília. Esperamos que este espírito continue por muito tempo.
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2 respostas
Massa!
Valeu, Nada Pop!
Espero que vocês possam conferir as outras noites também!