Um dos discos mais brutais e diretos de 2019, assim podemos resumir o lançamento de “Na Cruz da Exclusão”, novo trabalho do Ação Direta com dez faixas do mais puro crossover entre metal e hardcore já realizados no país.
É necessário falar que a banda, com 30 anos de história, parece ter se renovado e feito um álbum à frente do seu próprio tempo, mesmo com letras tão desumanamente reais com o atual momento político do país.
Os temas tratados no disco envolvem psicopatia, as formas grotescas do capitalismo de nos fazer acreditar nesse modelo de economia, o nosso descaso ambiental, assim como o racismo e violência policial, o fim da era humanista e a imbecilização do pensamento crítico e, como não poderia faltar, críticas as religiões e a nossa própria individualização.
O disco é um retrato cruel do presente, com uma perspectiva fria e sem esperança sobre o futuro. Isso não quer dizer que o álbum seja pessimista, mas propõe uma análise de nossa sociedade por meio dos últimos acontecimentos políticos e sociais no Brasil.
As tecnologias não ficaram de fora dessa temática, na faixa “Tempos de Individualização”, a palavra “servidão” ganha um novo significado, pois os nossos dados individuais, assim como tudo o que falamos, são sempre vigiados. Você acaba tendo certeza que é livre?
O Ação Direta surgiu no ABC Paulista, em 1987, sendo formada pelo mestre Gepeto (voz), Marcão (bateria), Galo (baixo) e St.Dennis (guitarra). É possível ouvir o álbum “Na Cruz da Exclusão” em todas plataformas digitais, que acabou saindo pelos selos Monstro Discos e Xaninho Discos.
O disco foi gravado, mixado e masterizado durante os meses de maio, junho e julho, no estúdio Bay Area, em São Paulo, com produção da banda e Diego Henrique. A capa do disco traz a arte do tatuador 1berto.
“Na Cruz da Exclusão” também apresenta uma faixa da Dorsal Atlântica, banda clássica e um dos pilares do heavy metal nacional. Na faixa “Caçador da Noite”, o Ação Direta mostra a sua versão, que conta com um clipe lançado recentemente.
O Ação Direta está mais brutal e ainda mais furioso com a humanidade e injustiças sociais. Em seu novo trabalho, não existe essa de “Brasil acima de tudo, nem Deus acima de todos”.
