“O sol frio tem alma que morre e eu sei.
Ver, sonhar, ser. Sombras em meu olhar… Foi em vão!
Sem temer caminhar pelo inferno e queimar.
Me negar foi assim. Então por mim…
Os olhos clamam. Sem mais rendição!”
A Treva é uma banda formada por ex-integrantes do Confronto: Felipe Ribeiro (guitarra e vocal) e Eduardo Moratori (baixo). O novo grupo também conta com outros músicos experientes, o Chris Wiesen (guitarra) e Pedro Hernandes (bateria). Juntos desde 2021, a Treva traz elementos diferentes do deathcore, demonstrado pelo projeto anterior. Com referências punk, folk e blues, a banda possui uma vibe meio Social Distortion, além de uma estética urbana e cinza apresentada principalmente pelos projetos audiovisuais.
Já tinha gostado do ‘XXVII’, que seria uma música de abertura sem voz e com um vídeo de quase dois minutos que causou certa curiosidade. Se o interesse era realmente causar uma certa expectativa para os futuros lançamentos da banda, ao menos no meu caso esse objetivo foi alcançado. Agora, com a faixa “Onde Morre o Sol”, a banda cumpre o que (não) prometeu e traz um som forte, com uma mensagem poética e que foi inspirada pelo ensaio “Para que serve a utopia”, do escritor e jornalista uruguaio Eduardo Galeano.
“Amanhecer em céu cinza onde os sonhos tem fim.
Lembranças rasgam em mim e assim,
corpos falham e sangram em solidão.
A fé cega na guerra que mora em mim,
e seguimos o horizonte então…
Caminho onde morre o sol!”
A letra de “Onde Morre o Sol” foi incluída nesse texto porque me parece inicialmente uma mensagem pessimista, de guerras que se travam em nosso interior e do quanto algumas coisas que fazemos podem ser em vão. No entanto, é totalmente o oposto. Ela traz uma mensagem de que não podemos desistir, que os caminhos que percorremos representam os nossos sonhos, dizendo muitas vezes quem somos. A faixa foi gravada no estúdio El Rocha, com lançamento pelo próprio selo do estúdio. Assim como “Onde Morre o Sol”, outros lançamentos ocorrerão via El Rocha Records, com produção, mixagem e masterização de Fernando Sanches.
“Enquanto o tempo desgasta e o frio aquece.
Sem volta é o perdão. Se fez.
Não esqueço a história… Passado em caos.
E se tudo que resta são trevas.
E se for uma guerra sem fim… Então, por mim…
Sigo a estrada em direção ao sol!”
Segundo o guitarrista e vocalista Felipe Ribeiro, algumas frases de “Onde Morre o Sol” foram escritas por ele ainda em 2014 e a faixa quase fez parte do repertório do Confronto. Anos se passaram, diversas mudanças aconteceram e só com o tempo retornou para a ideia. “Retomei a ideia dessa música dentro de um carro, na Dutra, ao lado do meu irmão, destino a SP, quando tudo ainda era fragmentos de um sonho. Hoje ela faz parte de uma música que é bem importante para mim. Simbólica pra uma nova fase da vida. É sobre mudança. É sobre São Paulo, sobre solidão, sobre afeto, sonhos e liberdade. É sobre a eterna busca. É sobre todos nós”, comenta.
Em 2023 a banda terá novos lançamentos e para acompanhar o grupo basta segui-los nas redes sociais e plataformas de streaming. Clique AQUI.
Para que serve a utopia
“A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar” – Eduardo Galeano.