Punk, hardcore e alternativo

Alex Strambio - Foto: divulgação
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Amigos se despedem de Alex Strambio, o Bucho

Alex Strambio – Foto: divulgação

Por autores diversos*

Na última quinta-feira, 8 de abril, o underground amanheceu com as válvulas frias, o volume baixo e com um nó na garganta acostumada a berrar. Faleceu durante a noite anterior o músico Alex Strambio, mais conhecido como Poodle, ou Bucho, como também era chamado devido ao nome do selo que comandava e referência do gênero no país. O guitarrista/baixista de diversas bandas, entre elas ROT, Cruel Face e Warhate, além de passagens por FDS, Ação Direta, Bandanos, Social Chaos e muitas outras certamente estaria rindo neste momento, ao ver a palavra “músico” associada a seu nome.

“E ae, fulero? Ouve esse som!”, “Ô doida, chegou vinil dessa desgraça que você curte!”… Apaixonado pela anti-música, sempre trazia novidades aos amigos com o mesmo entusiasmo que tinha na juventude. E essa paixão foi a norteadora de sua vida.

Figura carismática na cena brasileira e querido em muitos outros países, era um cara acolhedor, que recebia com piadas (quem conviveu , presenciou suas famosas adaptações em várias línguas), abraços e algumas cervejas a todos que quisessem ganhar algumas horas em sua companhia. Fez amigos tocando em bandas, transportando bandas Brasil afora com sua famosa Doblò prateada, lançando bandas, marcando tours de bandas e frequentando shows de bandas. Era uma pessoa que dedicou sua vida a isso e pensava o subsolo como uma comunidade, ora agindo ativamente, servindo de suporte ou mesmo apenas apoiando e curtindo.

A quantidade de pesares vistos nas redes sociais nos últimos dias não deixa sombra de dúvida sobre o quanto Bucho era importante na cena underground mundial. E dizemos underground, pois ele foi um cara que somou com diversos gêneros. Não era apenas uma pessoa. Era uma entidade do Grind, do Crossover, do Thrash, do Crust e do Punk. Em todas as vertentes, encontramos homenagens a essa pessoa tão querida.

Bucho nos deixa aos 50 anos, não vítima de um vírus, mas de um projeto genocida iniciado muito tempo atrás. Projeto que nos mantém mal alimentados, sem casa, sem saúde, sem saneamento e sem educação. Condenados a cometer e repetir erros políticos inaceitáveis como a eleição de Jair Bolsonaro, que do auge de sua total incapacidade para desempenhar o papel que lhe foi atribuído, vem transformando a maior crise sanitária da história na mais absoluta tragédia. Destruindo famílias, ceifando não apenas milhares de vidas por dia, mas milhares de sonhos e esperanças que se vão com cada vítima.

No passado, brincava que era “imorrível”. Ele estava certo. Bucho continuará vivo nas mensagens das tantas músicas de tantas bandas que tocou, na comunidade que ajudou a construir, nas relações tão fortes e verdadeiras que manteve e que vão gerar muitos outros frutos. Que nós não deixemos que se vá o sonho de uma sociedade melhor que ele tão generosamente nos trouxe a cada oportunidade.

Rest in Power.

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*Essa nota de pesar foi escrita por alguns amigos do Bucho, entre eles Marcelo Papa, Wagner Cyco, André Alves, além de outras pessoas que preferiram ficar anônimas. Agradecemos a todos pela participação e deixamos os nossos sentimentos à família e todos os amigos.

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