Quando conheci o Leo, em 2011, tínhamos uma ideia em comum na cabeça: “vamos criar uma banda para tocar por aí, trocar ideias e fazer amigos, além de nos divertir e se possível fazer um álbum”. O que nos assemelhava naquele instante era o punk/ hardcore e influências como Inocentes, Replicantes, Plebe Rude, Mudhoney, Nirvana, Sonic Youth e Bad Religion (para citar algumas bandas).
Eu sempre participei de bandas, toquei por aí em bares e botecos com infraestrutura podre, isso quando existia alguma. Foram várias ocasiões usando cabos de vassoura como pedestal de microfone, tijolos para apoiar a bateria, baixo e voz ligados num mesmo amplificador, incomodando vizinhos e fazendo barulho em qualquer lugar que fosse possível. Entre as bandas que participei estão a Ruído Substancial, Subversus e Screaming in the Amps (duvido que você já tenha escutado falar de alguma delas, mas foda-se).
Algumas das pessoas com que já toquei e tive banda desistiram da música, outras trocaram a música pelas drogas, mas isso é outra história. Já balancei e pensei que era melhor mesmo seguir por outro caminho, fazer qualquer outra coisa que não fosse ralar com o contrabaixo na mão atravessando a cidade em ônibus ou metrô lotado para tocar, seja em ensaio ou em mais um bar. O foda é sentir que você encontra na música mais do que um simples passatempo. Para algumas pessoas, como eu, ela é sua terapia, a única coisa capaz de fazer você não enlouquecer nessa cidade.
Na Luta Civil não existem líderes, somos três caras que decidem tudo e que fazem o melhor pela banda. O Leo é um cara foda, é o mais carismático da banda e sempre puxa assunto com todo mundo. O Eduardo, o batera, também é assim. No meu caso, reconheço, sou um pouco mais calado mesmo, como disse no começo curto trocar ideia, mas com quem sabe trocar ideia. Não curto conversinha mole, não pago de conhecedor do punk e não tô nessa para ganhar “ibope”. Mas sei que haverá gente pensando isso e para essas pessoas digo apenas uma coisa: vão se fuder!
Como o Toni escreveu antes, a cena está bem dispersa. Poucas pessoas nos shows, outros que gostam de criticar e desrespeitar aquilo que é feito com suor e coragem, bandas que se preocupam menos com a mensagem e mais com a vontade de aparecer e se destacar. Em mais de uma ocasião já tocamos com bandas que não quiseram nem trocar ideia, se preocuparam apenas em fazer um “show” bom, ficar com a sua panela e nem ao menos assistir a apresentação das outras bandas. Foda, né? Não sei o que pensam vocês, mas isso pra mim não é uma cena underground, é um obscena de ego e individualismo.
A ideia do Nada Pop é contrária a esse tipo de atitude. Peço desculpas ao Toni, mas ao contrário do que ele escreveu, a ideia é sim fazer uma panela, mas uma panela de bandas que tenham interesse em se ajudar, compartilhar conhecimento, contatos e o que mais de positivo for possível. O Nada Pop não é meu, não é do Toni, não é de ninguém. A ideia é que ele possa ser mais uma ferramenta, que ele seja de todas as bandas que se identifiquem com essa proposta. Que a gente possa se organizar como um coletivo sonoro e que contribua uns com os outros. Vamos nessa?