Punk, hardcore e alternativo

Liege e Andrio, o duo do Medialunas - Crédito Rafael Rocha
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Dia dos Namorados: A música é ainda melhor com você ao meu lado

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Arte por Rogério Cunha

A música em comum como primeiro sinal do amor

Theophile Gautier, escritor, poeta e jornalista francês, tem uma frase célebre que transcreve em poucas palavras o significado de amor e admiração: “Amar é admirar com o coração. Admirar é amar com o cérebro”. Independente de ser uma data comercial, contamos nesse Dia dos Namorados cinco histórias de casais que trabalham juntos em suas respectivas bandas: Der Baum, Que Miras Chicón, Trash no Star, Napkin e Medialunas.

As histórias têm um começo em comum, a música, mas em alguns casos os frutos do relacionamento foram além dos álbuns e EPs: filhos! Conheça essas histórias e, claro, não deixe de ouvir as bandas depois (ou durante) o papo.

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Ian Veiga e Fernanda Gamarano (Der Baum)

Der Baum – O amor à arte que trouxe tudo

A Der Baum nasceu no final de 2014, em São Paulo, idealizada por Ian Veiga (tecladista) e Fernanda Gamarano (guitarra e vocal). Porém, essa não foi a primeira banda do casal que chegou a morar fora do país. Juntos residiram durante alguns meses na Alemanha e voltaram para o Brasil, dando continuidade aos projetos musicais.

“Nos conhecemos porque nossos irmãos namoravam na época (hoje casados), o Ian tinha acabado de voltar de uma longa estadia em Berlim. Quando nos conhecemos vimos que tínhamos o rock, a música em comum (…) Decidimos montar uma banda só para nos divertir e foi aí que nasceu o relacionamento. A primeira banda que montamos juntos foi a Intrinseco, depois veio a Der Baum”, explica Fernanda.

Apesar de separarem o envolvimento pessoal do relacionamento da banda, há uma facilidade quando precisam tomar decisões que envolvam a Der Baum, inclusive nas composições. “O comprometimento e o amor que temos em relação à música é igual”, ressaltam.

Para Fernanda, uma das coisas que ela mais admira no Ian é a sua paixão pela música. Esse sentimento também é recíproco para Ian, que enaltece o esforço e o amor da Fernanda pela Der Baum. Mesmo considerando o futuro algo incerto, o casal pretende levar essa parceria para a vida toda.

“Fazemos aquilo que amamos, pode ser com a Der Baum ou outro projeto juntos ou não, a música nos uniu e pretendemos continuar assim! Por muito tempo até ficarmos velhinhos”, diz Fernanda.

Para descrever o relacionamento do casal, pedimos que eles escolhessem uma música. A canção escolhida foi “Modern Love”, do David Bowie. Ouça AQUI.

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Thaysa e Danilo Zuccherato (Que Miras Chicón)

Que Miras Chicón – Um casal doido do mato

Thaysa e Danilo Zuccherato estão juntos há seis anos, mas só depois de casados que resolveram criar a Que Miras Chicón, banda de cowpunk nascida em Monte Azul Paulista, interior de São Paulo. O duo faz uma mistura entre punk e “causos” do interior, com Danilo no banjo e a Thaysa na bateria. Nas gravações e nos shows geralmente se apresentam como “o casal doido do mato”. Dessa “doidera” toda nasceu o pequeno José Henrique, atualmente com cinco anos.

“Eu tocava guitarra em uma banda e a Thaysa tocava bateria em outra. Nossa banda juntos só veio depois de casamento e nascimento do nosso filho. Durante a gestação compomos várias músicas e resolvemos juntar palhetas, baquetas e escovas de dentes!”, explica Danilo.

Danilo ainda brinca falando que o casal nunca brigou por conta da banda, mas quando a Thaysa está brava com ele por algum motivo “senta a mão” na bateria para não fazer o mesmo com ele (risos). Entre os sonhos que possuem juntos está o desejo de viver, quem sabe um dia, da própria arte.

Entre as músicas que trazem boas recordações para a dupla está “Jardim de Inverno”, do China.

Eu quero andar sem culpa
das coisas que eu tenho em mente
carrego minha cor nos olhos
sou aquilo que consumo

Eu posso sorrir
sorrir para você
eu posso sorrir
sorrir para, para você

Respiro o ar da noite
quando não tenho fascínio
flores num jardim de inverno
é assim que eu me sinto

Eu posso sorrir
sorrir para você
eu posso sorrir
sem culpa

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Letícia Lopes e Felipe Santos (Trash no Star) – Crédito: Elaine Campos

Trash no Star – Dois discos, três filhos e 13 anos juntos

Trash no Star é uma banda de noise rock, formada por Letícia Lopes (guitarra e voz), Felipe Santos (baixo e voz) e Lucia de Carvalho (bateria). O power trio surgiu no Rio de Janeiro, em 2010, mas há tempos Letícia e Felipe se conhecem. Eles estão juntos há 13 anos, possuem três filhos e dois discos.

“Estudávamos no mesmo colégio em 97. Depois de muito coleguismo, idas a shows caóticos nos inferninhos do Rio, começamos a tocar juntos em 2000. Tínhamos muitas coisas em comum, éramos os típicos adolescentes crias dos anos 80/90, fanáticos por Sonic Youth e indie/ punk rock”, contam. Só depois de cinco anos de amizade o relacionamento começou.

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Arte por Rogério Cunha

Segundo Letícia, antes disso eram amigos e confidentes da “desastrosa vida amorosa” um do outro. A música sempre funcionou como um elo entre eles. “Nos conhecemos e desde logo notamos que nossas vidas estavam unidas pela música”, diz.

Por conta do relacionamento, o processo de ensaiar, compor e tocar se torna mais prazeroso, mas nem sempre conseguem tocar em todos os “rolês” em virtude dos filhos. E como tocam juntos, para eles não rola uma divisão: ou vão todos ou não vão.

Para o futuro planejam terminar o terceiro disco da banda e aos poucos retomar a correria dos shows que ficou suspensa com o nascimento de Elena, que está com cinco meses. Antes do namoro, Letícia relembra que no início da antiga banda o entrosamento com o Filipe já era fantástico. “Nossas composições, arranjos, ideias se complementam. Quando um começa o outro já sabe como desenvolver a coisa toda e finalizar. Como nossas influências são muito parecidas temos o feeling certo. Quando estamos em projetos paralelos, tocando com amigos, parece sempre que falta alguma coisa”, diz.

Resistir até onde der e até quando os ossos aguentarem é o desejo do casal que espera não ser impedido pela atual onda reacionária-conservadora de respirar e continuar sobrevivendo. Além disso, têm a piração de um dia tocar a música “Drain You”, do Nirvana, numa festa (de casamento?).

 

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Natana Alvarenga e Kimberly Neves (Napkin)

Napkin – Your soul always shined on me

Natana Alvarenga e Kimberly Neves se conheceram em uma festa, em seguida começaram a tocar juntas numa banda só de amigas. Tempos depois, o relacionamento começou e decidiram juntar ideias e formar uma banda com músicas próprias. Assim nasceu a Napkin, de rock alternativo ou, como também preferem chamar, de piano rock.

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Kimberly Neves (esq.) e Natana Alvarenga (dir.) – Juntas formam a Napkin

Kimberly é pianista e para Natana isso foi o que mais chamou atenção no início. Mas o talento de ambas foi só o primeiro passo da admiração entre elas. Kimberly, por exemplo, destaca o jeito bom de agir de Natana sobre tudo. “Ela tem um coração muito puro e nobre, por mais que às vezes não pareça – a cara de brava não engana ninguém não”, diz em sorrisos.

As duas concordam que ter uma banda em si já é um relacionamento, mas o fato de estarem juntas favorece quando precisam tomar decisões: acertar agenda, ensaios, gravações, compor. Ou seja, para elas, tudo que envolva horários, disponibilidade e responsabilidades se torna mais fácil.

Porém, nem tudo são flores e a parte sentimental surge de vez em quando. “O que não ajuda muito é que em algumas situações nos deixamos levar pelo lado pessoal (emocional), aí se torna mais fácil entrar em discussão, mas creio que esse seria a única coisa que não ajuda muito, mas que não chega a atrapalhar”, afirmam.

A Napkin vem se destacando além dos palcos de Santa Catarina e já foram convidas para tocar fora do país. Neste ano, lançaram o single e videoclipe “Don’t Piss Me Off” e o segundo álbum intitulado “EP?OK!”, produzido pela própria banda e gravado, mixado e masterizado no Bend Estúdio.

“Estamos vivendo o momento e todas as oportunidades que vem, graças a Deus, surgindo cada vez mais. O plano é alcançar cada vez um público maior e fazer o que mais amamos: trazer alegria pra galera que está curtindo nosso som e viver disso. E no dia que estivermos bem estabilizadas trabalhando com o que sempre sonhamos, porque não aumentar a nossa família?”, declaram.

A respeito da música “This Will Go Wrong”, Natana diz que talvez seja a música que melhor defina o relacionamento entre as duas, sendo dedica à sua companheira. “Escrevi pensando em ser pra Kimberly, que seria como uma carta, um desabafo sobre o momento que estávamos passando na época”, concluí.

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Liege e Andrio (Medialunas) – Crédito: Lu Barata

Medialunas: a relação que virou música

Liege conta que conheceu Andrio ainda nos saudosos anos 90. Andrio tinha uma banda chamada Dissidentes, que tocava sons autorais e covers de Pearl Jam, Nirvana e Stone Temple Pilots. “No auge dos meus 13 anos, eu morria de amores por aquele índio grunge fedido com aqueles cabelos negros lindos até quase a cintura. Eu tinha uma banda chamada Madame Porquê, era vocalista, e também tínhamos músicas autorais, alguns covers de Hole, L7 e Cranberries”, explica.

Juntos há 10 anos, a Medialunas surgiu “quando resolveram resolver os problemas fazendo o que mais amavam juntos também: música”, afirma Liege dizendo que o crescimento, aprendizado, erros, acertos e evolução do casal foi fundamental no processo de criação da banda.

Hoje, a prioridade para Liege e Andrio é o filho e a família. Há pouco tempo receberam um irrecusável convite de abrir o show do Swervedriver (uma das bandas de coração deles) pela Balaclava Records. Com isso, voltaram a ensaiar, algo que havia diminuído bastante enquanto o filho era recém-nascido. Com o tempo, pretendem se organizar de forma que possam voltar a fazer shows.

Em 2012, lançaram o elogiado álbum “Intropologia”, com 11 faixas e voltado para o grunge e alternativo. O duo fez diversas apresentações e chegou a tocar no Showlivre – assista a apresentação da música “Rotten Peaches” no programa clicando AQUI. Para Andrio, flutuar nesse meio entre ideias musicais, afazeres da casa e o convívio diário não atrapalha a relação e nem a banda, ao contrário, só aumenta a intimidade.

É o que também diz Liege, explicando que há uma facilidade em se entender musicalmente, algo que não tiveram que correr atrás. Basta um olhar e quando erram consertam juntos e na hora. “Se tenho uma ideia de música e estiver sozinha, preciso me concentrar, passar isso pro violão ou guitarra, que ainda não domino muito bem. Se Andrio estiver junto, eu canto pra ele téun déun déun téééun déun déun e ele transcreve incrivelmente pra guitarra, na hora, bem do jeitin que eu imaginei”.

Sobre o que esperam para o futuro respondem de maneira simples que não planejam nada, querem que tudo flua naturalmente como tem fluído até hoje. Para o casal “a meta é não ter meta”.

No início do namoro ouviam muito juntos a música “How Near How Far”, do Trail of Dead. Além disso, foi um dos primeiros sons que resolveram levar para o estúdio como duo. Apesar de existirem outras músicas que poderiam se citadas como sendo a “música do casal”, essa em especial fez parte do repertório do Medialunas durante o primeiro show, na Casa Dissenso, em novembro de 2011, em São Paulo. Tem até vídeo desse dia: https://goo.gl/36tnrB

Agradecimentos

O Nada Pop diz obrigado aos casais que toparam participar dessa matéria, além disso, agradece a Mariângela de Carvalho pela ajuda e indicação de alguns dos casais citados. Mari, você é foda! Valeu mesmo!

Além disso, um grande obrigado também ao Rogério Cunha, pelas duas artes que ilustram essa publicação e que foram feitas com muito carinho e especialmente pra gente (conheça suas artes clicando AQUI). ❤

A todos, muito amor e, de preferência, com muita música também.

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