
Uma coisa importante de se ter em mente é que você só tem uma chance de causar uma primeira boa impressão, então alguns cuidados podem ajudar. Vejo muitas bandas sofrerem daquela ansiedade por mostrar seu trabalho a qualquer custo e levados pela euforia acabam por divulgar um material ainda não acabado, ou com uma qualidade de gravação que não faz jus ao trabalho desenvolvido, e acabam se “queimando” com o público que acaba não dando a devida atenção ao material.
O mesmo cuidado vale para a apresentação desse material. As pessoas continuam “comendo com os olhos” e não se deve descartar essa estratégia, já que o importante é que a mensagem chegue até elas, independente da razão. Capas e flyers bem feitos são uma grande ferramenta e com certeza todos nós conhecemos fotógrafos, desenhistas e designers que podem nos ajudar, seja com dicas, parcerias ou mesmo com um preço camarada por seu trabalho.
Agora, o ponto fundamental é a apresentação ao vivo da banda. É lá que está a realização do músico, a energia, a diversão. E devido à precariedade da estrutura na maior parte dos locais das apresentações é praticamente impossível para as bandas underground manter um padrão de som nos shows. E isso é necessário, inclusive para o próprio desenvolvimento da identidade sonora da banda. Quem não reconhece que tá tocando AC/DC logo nas primeiros acordes? Ou Hendrix só pelo timbre da guitarra? A ideia é a mesma aqui. A solução mais fácil seria carregar seu próprio equipamento para todo lugar em que for tocar, certo? Perfeito. Porém haverá situações em que não será possível. Desde a dificuldade de locomoção ao fato de muitos de nós sequer termos equipamento próprio. E dessa dificuldade surge uma solução bem mais prática e barata. Os pedais!
A primeira e inevitável pergunta é: qual pedal? Isso vai depender muito do estilo que você toca e do som que pretende tirar, além da grana que está disposto a investir. Uma dica particular minha é começar pelas distorções. Elas serão a base sobre a qual você irá construir seu timbre, então merecem uma atenção extra. Uma forma de decidir qual o pedal certo pra você é descobrir o que aquele cara com um timbre fantástico daquela tal banda usa e experimentar. Não se desespere se o som não for o mesmo, afinal, tem muito mais coisas incluídas nessa receita, incluindo a própria mão do cara (sim, eu e você, tocando a mesma música, no mesmo equipamento, ainda assim soaria diferente). Pode ajudar, mas o melhor mesmo é entrar numa loja e testar os danados até achar aquele que te convença. Uma sugestão que atende a uma gama enorme de timbres e gostos por seu preciso e abrangente controle de médios é o Metal Zone, da Boss. Um pedal de ótimo custo benefício.

Com um set simples e algum tempo dedicado a aprender como tirar seu som dos seus pedais, é possível manter um padrão de timbre, ou algo bem próximo disso em praticamente qualquer amplificador maluco que você encontrar pelos palcos por aí. Por utilizar um circuito próprio, o pedal acaba dispensando a fase de pré-amplificação do amplificador, que é onde os timbres são trabalhados, e se utiliza apenas da fase de potência do mesmo, responsável basicamente pelo volume. Ou seja, você carrega seu timbre e ele apenas reproduz o mesmo.
Claro, diferenças serão inevitáveis, uma vez que mudam circuitos, mudam falantes… Mas a essência permanece. Não esqueça de investir em uma boa fonte, cabos de qualidade e bons captadores que ajudarão a diminuir os ruídos e microfonias e proporcionar um show cada vez mais forte e marcante. Esse mesmo pensamento pode ser aplicado aos vocais. É interessante ter também seus próprios microfones. Esses investimentos, divididos pela banda são pequenos em relação aos benefícios que podem trazer ao grupo.
Lembre-se que você já esteve do outro lado, e que aquela chiadeira, apitos e vocal estourado já te fizeram achar o som ‘meia-boca’, então mãos à obra. Atitude e resistência sempre!!
*Wagner Cyco é guitarrista das bandas Mollotov Attack e Irmã Talitha.