
Segundo definição do dicionário de símbolos, o número sete é o número da dinâmica e do movimento e, por isso, também é a chave do Apocalipse (sete igrejas, sete estrelas, sete trombetas, sete espíritos de Deus, sete trovões, sete cabeças, etc). O número sete é muito frequentemente utilizado na bíblia, o número sete é utilizado 77 vezes no velho testamento. O número sete é também muitas vezes associado ao Diabo, sendo para muitos um número de azar. Mas essa relação se criou devido ao fato de que no imaginário cristão, o Diabo se esforça muito para imitar Deus. Da mesma forma também, a besta do Apocalipse possui sete cabeças.
Sete. Número cabuloso, místico… cheio de truques e interpretações. Coincidência ou não é o mesmo número de faixas que encontramos em “Maldito mundo cão”, EP casca grossa e do mal, lançado em dezembro de 2014 pelos caras do Satangoss. EP esse que não poderia ser diferente: tem o poder de enfurecer os seres e transformá-los em monstros incontroláveis, distribuindo chutes e cotoveladas sem miséria nas rodas que se formam a cada som nos shows do trio. Conversamos com a banda às vésperas de suas apresentações em São Paulo, e só pra fazer jus ao EP e não dar sopa pro azar, mandamos sete perguntas!!
Sete perguntas para Satangoss (respondidas por Bocaiúva)
1. Vamos direto ao ponto: por que Satangoss?
Satangoss era o vilão do Jaspion, herói japonês da nossa infância. E sempre que ele aparecia rolava uma vinheta “Satangoss tem o poder de enfurecer os seres e transformá-los em monstros incontroláveis”. Atribuir tamanha responsabilidade a um só monstro é muita responsabilidade, né? Então, seguindo uma interpretação alternativa dessa vinheta, Satangoss é o que liberta o mal dentro de cada um de nós. Quando o cara chega em casa bêbado e espanca a família, ou quando a ganância cega um político que desvia verbas, o culpado de tudo acaba sendo sempre o Satangoss.
2. O que exatamente é o estúdio móvel da Absnai Hellchords, onde (não sei se essa seria a palavra mais adequada) foi gravado o EP “Maldito mundo cão”? Quem foram os responsáveis pela gravação, mixagem e masterização do trabalho, e quais foram os maiores desafios para atingir o nível altíssimo de qualidade desse registro?
A Absnai Hellchords é o home studio do Chuva que a gente colocava no carro e levava pra onde tivesse um espaço pra gente gravar. Toda a produção rolou no meu home studio, o Capim Navalha Homestudio o que facilitou muito. Quando entramos em estúdio para gravar, tínhamos apenas umas 6 horas de ensaio em estúdio, mas deixamos tudo perfeitinho pra entrar no estúdio massacrando. O EP foi gravado por uns estúdios daqui do Rio no “littleshoe”, ou seja, a gente gravava de madrugada quando tinha algum estúdio vago, por isso queima o filme dizer onde foi precisamente (hehehe). A mixagem foi feita por mim, pelo Chuva e pelo amigo Elton “Tothejungle” Bozza, do Estúdio Superfuzz. Foi lá também que rolou a masterização, que ficou a cargo do Gabriel Zander.
3. A cidade do Rio de Janeiro parece ser o ponto de colisão entre realidades opostas: as belezas naturais que seduzem turistas ao redor do mundo de um lado e as mazelas geradas pelas desigualdades sociais (principalmente pobreza e violência) de outro. Satangoss é produto dessa colisão? O quanto esse contraste influencia o som e as letras da banda?
Pô, facilita o nosso lado, né? Basta olhar pela janela que pinta uma revolta diferente, ai fica fácil escrever. “Maldito Mundo Cão” foi escrita em duas partes, só a primeira foi pro EP, e a letra dela surgiu olhando a capa do G1. O Rio é foda, cara. Talvez seja um dos piores lugares do mundo para se ter banda de rock. A supressão cultural aqui é muito forte. Se você não toca samba e não gosta de funk, automaticamente você é tratado como lixo. Não que isso tenha importado pra algum de nós ao longo da vida, mas é difícil pra cacete acordar todos os dias tendo que nadar contra a maré. Mas foda-se. A gente é teimoso pra caralho.
4. A banda vem a São Paulo nos próximos dias para três apresentações (dias 04, 05 e 06/12/15). É a primeira vez que Satangoss vem à cidade? Quais as expectativas para esses shows? O repertório será baseado nas músicas do EP “Maldito mundo cão” ou o público pode esperar por algumas músicas novas ainda não gravadas?
Essa é a primeira vez que o Satangoss cruza a Dutra para fazer um barulho e vai ser um prazer muito grande mostrar o nosso som e as nossas ideias pra uma galera diferente, ainda mais sendo em São Paulo onde o rock é claramente mais valorizado. O set da gente divide bem as músicas do EP, as músicas que não entraram no EP e as novas, que vêm com uma pegada bem mais thrash. Apostamos um rolé de 800km que a galera vai curtir!
5. A banda surgiu em um momento em que o acesso à internet e às redes sociais era muito menor em relação ao atual, depois da invasão dos smartphones (2007). Após esses anos longe da estrada, quais as principais diferenças que vocês têm sentido com relação à essa ferramenta?
Em 2007 tudo era bem diferente! A gente teve até Fotolog, Myspace e comunidade no Orkut! Naquela época era bem mais complicado ensaiar e produzir para gravar, mas foi o início de tudo, né? Foi ali que tive meu primeiro contato com produção e home studio que mesmo de forma precária, ajudou muito uns anos depois. Fizemos poucos shows como quarteto entre 2007 e 2011. A gente brinca que a banda voltou quando a gente foi no show do Black Sabbath e o mestre Tony Iommi tocou Into the Void. Amigo, a casa caiu! (hehehehe) Aí a gente resolveu mexer os pauzinhos pra voltar a tocar e cá estamos nós, graças a Tony Iommi!

6. Os músicos da banda, além de extremamente competentes, tem diversos projetos paralelos ao Satangoss. Conte-nos um pouco sobre eles e sobre como conseguem conciliar tantos trabalhos.
O lema é “Tudo pelo Rock’n Roll”. Eu toco baixo numa banda de thrash chamada Vicious. O Chuva toca guitarra no Krostah e baixo no Arrested for Possession, e provavelmente enquanto eu respondo às suas perguntas, ele deve estar montando outro projeto. Já o Hardcore toca com o Ted Palhaço desde os anos 90. Eu e Hardcore tocamos juntos desde 2002, quando passamos pela Velhas Carcumidas e depois pela Nega Odeth, que foi o embrião de tudo isso ai.
7. Para fechar, gostaria de agradecê-los em nome do Coletivo Refuse/Resist e do Nada Pop, deixar esse espaço livre para que a banda deixe um recado à galera que pretende colar nos shows e fazer a pergunta que não quer calar: como surgiu o vício dos integrantes em Irish Coffe?
(hahahahahahahah) Acordar, fumar e beber café é o início do nosso dia a dia. Aí você acorda um dia e tem uns paulistas muito doidos com meia garrafa de Ballantines chegando da zueira… Foi impossível não misturar tantos amores em um só copo! (hehehehe)
No mais, estaremos chegando aí dia 4 sedentos de muitos bpm e cerveja gelada, dispostos a tocar o mais alto e mais rápido possível e voltar de São Paulo com mais amigos e mais histórias para contar! Afinal, cena é isso, num é? Nos vemos em sampa, rapaziada! Abraços! Hail Satangoss!
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