Em notícias recentes foi divulgado que a Justiça Federal em Sergipe retomou as audiências do processo criminal conhecido como o Caso Genivaldo, que aconteceu em maio deste ano no município de Umbaúba, no nordeste do país. O caso foi amplamente divulgado principalmente por conta das imagens aterrorizantes que mostravam um homem sendo asfixiado dentro de um carro da Polícia Rodoviária Federal (PRF), resultando na morte de Genivaldo de Jesus, de 38 anos.
Os três policiais rodoviários federais envolvidos no caso respondem na Justiça pela morte de Genivaldo e pela abordagem de extrema violência. De acordo com familiares da vítima, os policiais deram uma rajada de spray de pimenta, além de chutes nas pernas e pisões na cabeça. “Colocaram ele na viatura com a mão para trás. Ele mede mais ou menos dois metros e as pernas ficaram de fora. O policial pegou a tampa da mala e bateu nele”, contou Walison, sobrinho de Genivaldo, em matéria publicada pelo jornal Correio Braziliense.
Segundo a reportagem da CNN Brasil, agora o processo está na etapa final das audiências de instrução, com o interrogatório dos réus. Após esta etapa, a justiça decidirá se os réus irão ou não a júri popular. Segundo a Justiça Federal, 34 testemunhas de acusação e defesa foram interrogadas. O caso foi comparado na época com Auschwitz, o Campo de Concentração nazista, onde milhares de judeus foram mortos em câmaras de gás.
A comparação faz ainda mais sentido se lembramos das dezenas de pessoas mortas em hospitais de Manaus pela falta de oxigênio, durante um dos momentos mais tristes causados pela pandemia da Covid-19. O Amazonas foi uma das regiões do Brasil que mais sofreu com os impactos da segunda onda da doença e estima-se que mais de 500 pessoas precisaram ser transferidas às pressas para hospitais de outros estados.
Com base nessa tragédia, a banda Basttardz, com origem em São Luís, no Maranhão, acaba de divulgar o clipe da faixa “Auschwitz Tropical”. A música está presente no mais recente álbum do grupo, de mesmo nome ao da faixa.
A banda aproveitou a passagem por São Paulo no mês de setembro para gravar o clipe, que também traz imagens reais do Caso Genivaldo. “Estávamos em turnê em São Paulo e aproveitamos para gravar o clipe. Nós fomos para Mauá, gravamos no Beco Cultural, uma iniciativa muito bacana. E sempre aproveitamos essas oportunidades, tanto de usar a nossa música como ferramenta de protesto como deixar em destaque iniciativas sociais”, contou André Nadler, vocalista da banda.
O clipe, gravado e dirigido por Rodolfo Marga (o nosso querido Ruivo), conta com edição de Luis Paulino. O vídeo também traz imagens de outros pontos de São Paulo. Já o Beco Cultural é um espaço voltado para a prática do skate, basquete, grafite, entre outras atividades culturais. Para saber mais sobre o espaço basta clicar AQUI.
Censura durante o Hardcore Contra o Fascismo em São Luís
Durante a realização do evento Hardcore Contra O Fascismo, organizado em diversas regiões do país semanas antes da eleição em segundo turno, a apresentação da banda foi interrompida pela Polícia Militar quando tocavam no Centro Histórico de São Luís, no dia 22 de outubro.
“A polícia subiu no palco, interrompeu nosso show com 20 minutos de apresentação. Era por volta das 9h30 da noite, sendo que no local, um dia antes, teve um evento com outros artistas mais populares e eles tocaram até 1h da manhã. O nosso evento foi barrado 9h30 da noite. Os policiais ficaram no lugar pedindo para a gente parar”, disse o vocalista.

Ainda de acordo com Nadler, o evento tinha foco no voto consciente. “Levamos algumas pessoas que trabalham com política e movimentos sociais na cidade para dar alguns esclarecimentos para o público no local. Era um evento dedicado para as pessoas que vivem e habitam nos estilos de contracultura, como hip hop, rock e reggae de São Luís e foi realizado no Centro Histórico mesmo. E teve essa intervenção da polícia. Eles mandaram parar o nosso som e não conseguimos terminar o show mesmo sendo um evento pacífico e sem assaltos”, conclui.
A censura e violência por todo o país
Recentemente publicamos uma entrevista em vídeo com o integrante e produtor da banda Garotos Podres, que relataram a violência e a censura ocorrida no show do grupo em Pederneiras, no interior de São Paulo. Eles também tiveram o show interrompido após tumulto provocado por um bolsonarista, que agrediu uma mulher na plateia sem qualquer ação posterior da polícia presente no local. A banda até tentou retomar a apresentação, mas foi impedida pela secretário de cultura da cidade, que solicitou a paralisação do show.
Além dos artistas, muitas pessoas de outras áreas de atuação estão sofrendo com ameaças causadas por bolsonaristas. O Brasil de Fato publicou matéria sobre uma jornalista, de 33 anos, que viveu momentos de terror dentro de seu apartamento, na zona sul de São Paulo, durante o período eleitoral.
Ela, que tem adesivos a favor de Lula (PT) na porta de sua casa, foi ameaçada de morte e recebeu injúrias de seu vizinho de andar, Luís Fernando Fray Ferreira, de 50 anos, que se apresenta como apoiador do atual presidente do país, um político de extrema direita e que estimula o ódio e a desinformação.
No mês de outubro, o UOL publicou matéria sobre o número de casos de violência política que antecederam o primeiro turno das eleições no Brasil. Nos dois meses antes das eleições foram 121 ataques, média de dois casos por dia. O estudo foi realizado pelas organizações não governamentais de direitos humanos Justiça Global e Terra de Direitos. O estudo aponta que a maior parte das vítimas envolvem pessoas de esquerda ou com ligação a partidos de esquerda.
A matéria ainda aponta que, só neste ano, já foram registrados ao menos cinco homicídios com suspeita de motivação política. Levantamento feito pelo Datafolha apontou que sete em cada dez pessoas dizem ter medo de serem agredidas fisicamente por causa das suas escolhas políticas. A matéria completa por ser conferida clicando AQUI.
Não se sabe ainda se essas agressões e censuras devem continuar com a mudança de governo, mas todo cuidado é pouco e as manifestações artísticas de bandas como o Basttardz, entre muitas outras, são fundamentais no combate ao crescente fascismo vivenciado no país.
Uma resposta
foda p caralho, aqui em Maceió, tbm houve esse movimento e foi de boas, foda q ai não foi da mesma forma.