Os Brutus é uma banda de surf music com peso, com muito peso. Segundo os caras, o som deles não se restringe apenas ao “surf” – e sim, estão mais do que certos. Formada atualmente por Juliano Peleteiro (guitarra), Marcos Rolando (baixo) e Rafael Moralez (bateria), o grupo surgiu em 2010 em São Paulo e possui três trabalhos lançados. O primeiro é o EP “Cidade Suja Desastrada”, lançado em 2014, e que mesmo com três músicas já demonstra todo o peso e uma carga elétrica parecida com a de um trovão.
No ano passado, lançaram o “Übersurf” (qualquer referência com o California Über Alles do Dead Kennedys não será mera coincidência). Um álbum com 10 faixas que subverte o significado de Surf Music e chama para si um diferença clara para o estilo tradicional. Sim, é possível perceber um pouco de The Trashmen, Agent Orange e até de Man or Astro-Man, mas os caras conseguem trazem novos elementos, como o já citado peso do baixo junto com a bateria, bem como a guitarra que mistura efeitos de distorção, reverb e acredito que até um fuzz.
Para 2017, os caras estão preparando o lançamento do “Samoa”, um compacto em vinil de 7” com quatro faixas e que pode ser comprado diretamente no site do selo Barato Afins – basta CLICAR AQUI. Abaixo batemos um papo com a banda falando sobre origens, influências, cenário musical entre outras coisas. Confira abaixo!
NADA POP ENTREVISTA OS BRUTUS
NADA POP – Pessoal, antes da gente começar com as perguntas mais “sérias”, como vocês definiriam o som de vocês? Surf Punk Instrumental é uma boa opção?
MARCOS ROLANDO: Surf Ataque Esmeril Supremo.
RAFA MORALEZ: Surf punqui.
JULIANO: Sim é uma também, tem surf ataque, surf esmeril, surf cavalisse, surf punk. Surf music não tem que ser necessariamente tudo parecido como os clássicos.
NADA POP – Contem como a banda surgiu e a qual a discografia de vocês. Pela minha conta os álbuns são “Cidade Suja Desastrada”, de 2014, “Übersurf”, lançado no ano passado, e agora o “Samoa”, certo?
JULIANO: Sim estes três, banda surgiu em 2010 entre amigos que moravam no mesmo bairro.
NADA POP – É uma pergunta meio que fazemos para todo mundo, mas citem três bandas que são influências de vocês (podem citar mais bandas se quiserem).
MARCOS ROLANDO: The Mummies, Phantom Surfers e Ghastly Ones.
RAFA MORALEZ: Bad Brains, Dead Kennedys e Bad Brains de novo.
JULIANO: Agent Orange, The Irradiates e The Bomboras.

NADA POP – Falem sobre esse novo lançamento, o “Samoa”. Por qual selo saiu, quais formatos vocês disponibilizaram e quem quiser pode adquirir onde ou quando? Obrigado pelo vinilzinho que vocês mandaram, realmente muito bonito o projeto gráfico.
RAFA MORALEZ: Juliano coordena esaas parada!
JULIANO: Saiu pela Baratos Afins com parceria do selo de Belém “esta noite encarnarei no seu compacto” e a banda. O compacto pode ser adquirido pela banda e pelos sites dos selos. O projeto gráfico ficou por conta de Henrique San.
NADA POP – Segundo o Rafa me contou, vocês estão tocando bastante e no ano passado abriram o show do The Mighty Mighty Bosstones. Como foi essa experiência?
RAFA MORALEZ: Foi uma experiência muito boa, os caras do Bosstones foram gente fina, deram um toque ‘pro’ público dar mais atenção pra cena local. Tocar sempre é bom!
JULIANO: Sim divertido demais.
NADA POP – E o show de lançamento do “Samoa”, quando vai acontecer?
RAFA MORALEZ: Acho que foi em Maringá! Eu só toco bateria, mas algo vai rolar aqui em SP!
JULIANO: Estamos trabalhando nisto.
NADA POP – Como tem sido a recepção do público para o show de vocês. A galera costuma estranhar som instrumental ou sentem que isso não acontece com vocês?
RAFA MORALEZ: Instrumental é bom, não tem vocalista dando grito na frente do palco… Gente gritando é chato pacas! Mas os shows são bons sim!
JULIANO: Tem sido boa, tocamos com bandas instrumentais e quando não, também é legal a resposta. Som instrumental tem crescido em vários segmentos de sonoridade.
NADA POP – Como é fazer parte do selo Baratos Afins, contem como surgiu a proposta de integrar o selo e desde quando fazem parte dele?
MARCOS ROLANDO: Foda pacas, é meu segundo álbum com a Baratos Afins!!!!!
RAFA MORALEZ: A Baratos Afins é o maior barato! E eles lançaram o Itamar Assumpção que é um cara foda!
JULIANO: Estar na Baratos Afins como banda é muito bacana, eu trabalho no estoque da Baratos, na época o Calanca se ligou que eu estava tocando e gravando. Eu estava procurando um selo ele se ligou e pediu pra ouvir. Ele curtiu e quis lançar, eu não acreditei achei que ele estava me zoando, mas ele foi doido mesmo e fez o CD e agora o disquinho.
NADA POP – Quais outras bandas de instrumental em atualidade no país vocês indicariam para quem está lendo esse bate-papo?
MARCOS ROLANDO: Ivan Motosserra, Dirty Rats, Hitchcocks e Jubarte Ataca.
RAFA MORALEZ: Zinabre (eu sou o baterista), Fúria de Súsie (eu sou o baterista) e Macaco Bong.
JULIANO: Jubarte Ataca, Ivan Motosserra, Os Pulltones , Ted Boys Marinos, Light Strucks, Los Pollos Caipiras, tem várias bandas boas de surf na atividade. Já contaram e atualmente tem um alto número de bandas tocando e produzindo, deve em breve sair uma coletânea dupla com estas bandas. Ano passado saiu a virtual com 55 pela reveb brasil: https://reverbbrasil.bandcamp.com/album/greetings-from-brazil
NADA POP – Vocês são uma banda de surf instrumental com certo peso. De onde tiraram essa sonoridade e como é o processo de composição de vocês?
MARCOS ROLANDO: Direto na esmerilhadeira!!!!
RAFA MORALEZ: Bad Brains (3)
JULIANO: Acho que o peso vem das influências do que ouvimos, eu só uso reverb e um pouco de drive.
NADA POP – Além da banda (Os Brutus), vocês possuem outros projetos sonoros? Só o Rafael sei que possui umas 10 bandas.
MARCOS ROLANDO: Tirando o Rafael que tem 10 bandas (kkkk), só me dedico ao Brutus mesmo.
RAFA MORALEZ: Sim, tenho outras bandas, o Zinabre, que é instrumental meio trilha sonora e dub, o Fúria de Súsie que é instrumental também, mas com outra pegada e o St. Louis Disaster que é stoner, as três vão lançar EP nesse primeiro semestre de 2017. Mas eu quero mesmo é montar uma banda de dub!!!
JULIANO: Só Os Brutus.
NADA POP – Falando na sonoridade de vocês, fiquei pensando na relação do nome do grupo com o som que vocês fazem. De onde o nome surgiu?
MARCOS ROLANDO: Esmerilha!!!
RAFA MORALEZ: Putz… Eu só toco bateria, tem que ver com o Juliano isso aí!
JULIANO: A gente queria tocar surf music bacaninha como nossos heróis, Link Wray, Dick Dale Ventures, Shadows, mas cara, só saia paulada. Os Brutus começou com o fim de outra banda, eu tocava baixo e o guita desta banda casou e foi embora para o interior, falei para o batera na época “e aí cara, que vamos fazer agora?”. Ele, “vamos tocar!”. Então vou tocar guitarra, mas sou meio bruto na guitarra, ele disse, “então vamos ser Os Brutus”. Foi engraçado e espontâneo ficou.

NADA POP – Muitos espaços para bandas autorais anunciaram no ano passado o fechamento de suas portas. Conseguem, do ponto de vista de vocês, dizer o que pensam a respeito disso? Existem culpados nessa história?
MARCOS ROLANDO: Acho que a maioria das pessoas só querem ver banda cover…
RAFA MORALEZ: Ah São Paulo vive de moda… Mas tem lugares legais abrindo, o Pico do Macaco (do pessoal do Macaco Bong) é um bom lugar pra conhecer bandas novas, tem muito show por lá!
JULIANO: Triste pra todo mundo que gosta de rock autoral. Culpado não da pra dizer.
NADA POP – Alguns “estudos” em atualidade dizem que a relação do público com a música mudou. Hoje dizem que ela é mais superficial e mais fugaz. Tudo é passageiro e para que uma banda não seja esquecida ela precisa sempre lançar algum som ou trabalho. Como público, qual é a relação de vocês com a música e se veem realmente necessidade de uma banda sempre estar com alguma novidade.
MARCOS ROLANDO: Num acho… Acho que se uma música for foda, dura pra sempre! Mas acho bom tá sempre sacando algo, vai que sai mais hit!!!
RAFA MORALEZ: Primeiro você faz a música, depois solta ela no mundo… Daí em diante é um Deus nos acuda e você não domina mais nada. O importante é tocar!
JULIANO: Hoje é mais fácil de ser ter acesso a música, é maior a opção de se ouvir música boa. Eu gosto de ver shows, sempre que posso vou ver bandas que gosto tocar.
NADA POP – Pessoal, muito obrigado pelo papo. Deixamos esse espaço para que vocês digam algo que ficou faltando e convidem quem estiver lendo isso aqui para ouvir vocês. Obrigado!
MARCOS ROLANDO: Valeu mermão!!!
RAFA MORALEZ: Prazer imenso Maurício, valeu a força e vida longa pro Nada Pop.
JULIANO: Valeu Mauricio , ficamos felizes que você tenha gostado do material. E pra quem não conhece nosso som siga a banda na nossa página do Facebook, cole nos show, ouça nosso Bandcamp e som pelo Spotify!! Surf Up!!
OS BRUTUS
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