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Entrevista com Thiago Roxo, da Lo-Fi, sobre a tour da banda nos EUA

Thiago Roxo, guitarrista da Lo-fi, conversou com o Nada Pop sobre a tour realizada pela banda, junto com o Water Rats, nos EUA. A tour aconteceu em agosto e as bandas tocaram e cidades como Los Angeles, San Diego, Portland e Las Vegas. Confira o bate-papo abaixo.
 
NADA POP – Em primeiro lugar, contem como surgiu a ideia de tocar fora do país. E por que não escolheram a América do Sul ou Europa, por exemplo. Esses lugares, geralmente, são a primeira opção das bandas sendo tour nos EUA algo raro de acontecer. O que motivou vocês a irem para a terra do Tio Sam?
THIAGO ROXO – Eu estive lá em novembro passado, fui assistir umas bandas locais em San Diego e entreguei uns CDs e fiz uns contatos. Nessa eu marquei a data do Shakedown Bar, a partir daí o Rogério foi correndo atrás de contato pra marcar mais shows, porque a gente ia de qualquer jeito pra fazer um ou dez shows. Depois ficamos sabendo, através do Mozine, que os Water Rats iam também na mesma época e juntamos tudo. Colocamos eles nos nossos shows e eles colocaram a gente nos deles. O motivo de ser os EUA? Sei lá… Acho que por algum motivo, pra gente foi mais fácil e acessível ir pra lá ao invés de Europa ou América do Sul.
Rogério (Lo-Fi) e com você sabem quem, né? Caso não, informamos que é o Fabio Mozine, das bandas Mukeka di Rato, Os Pedrero, Merda e proprietário da Laja Records.
Rogério (Lo-Fi) e com você sabem quem, né? Caso não, informamos que é o Fabio Mozine,
das bandas Mukeka di Rato, Os Pedrero, Merda e proprietário da Laja Records.
NADA POP – Como foi e quanto tempo de planejamento para essa viagem? Tanto de grana, lugar pra ficar, onde tocar, quanto gastar. Tudo isso foi feito por vocês mesmos, tiveram ajuda de mais alguém. O Mozine, por exemplo, acompanhou vocês dando a letra de algumas coisas, a Laja bancou vocês? (risos)
THIAGO ROXO – O planejamento inicial era comprar a passagem, alugar um carro e sair tocando, depois quando nos juntamos com o Water Rats, o Capilé fez um planejamento mais minucioso, o que acabou sendo melhor porque com certeza perdemos menos tempo e dinheiro. O Mozine é sempre uma presença maravilhosa e divertida… Foi uma pena ele não ter ficado até o fim.
NADA POP – Como o público recebeu os shows de vocês (Water Rats e Lo-Fi), o fato de vocês cantarem em inglês facilitou algo?
THIAGO ROXO – O pessoal nos recebeu muito bem, em todos os lugares que passamos tivemos um ótimo retorno. Não sei se a língua influenciou muito, o pessoal lá é muito aberto e se cantássemos em português ia dar certo também.
NADA POP – Vocês conseguiram sacar como funciona a cena underground dos EUA? Na opinião de vocês, é possível dizer que a cena de lá é mais estruturada, com mais público, na mesma ou pior do que a nossa realizada aqui no Brasil?
THIAGO ROXO – Em relação ao público é bem parecida. Lugares cheios, vazios, gente bebendo no balcão. Mas tem show todo dia. Nos bares que tocamos tem banda praticamente todos os dias da semana, de diversos estilos, o que acaba sendo uma diferença positiva para eles.
Flyer do show do Lo-Fi e Water Rats em San Diego, Califórnia
Flyer do show do Lo-Fi e Water Rats em San Diego, Califórnia
NADA POP – Aproveitando o gancho, dá para comparar de fato a cena underground de lá (EUA) com a de cá (Brasil)? Quais os pontos semelhantes e os abismos que existem entre as duas na opinião de vocês?
THIAGO ROXO – É parecido, a gente tocou em tudo que é tipo de lugar, garagem, porão, casa de show, bar, e se você prestar atenção, é bem parecido com o que acontece aqui. A gente toca na casa do Elton pra uma molecada desgraçada, num estúdio minúsculo que cabem 20 pessoas, depois numa casa de show que as vezes tá cheia e as vezes não. É do mesmo jeito. Mas lá é mais organizado, as trocas de palco e passagem de som são bem mais rápidas, as bandas não ficam punhetando pra passar o som, é coisa de 10 minutos pra trocar todo o equipamento, inclusive bateria e mais 5 minutinhos pra passar o som e começar a tocar. A questão dos equipamentos, as bandas sempre com equipamentos muito bons. Outra coisa é que em vários shows a gente conseguiu uma ajuda de custo bacana, o que aqui no Brasil tá meio difícil.
Lo-Fi em ação no Til Two Club, em San Diego
Lo-Fi em ação no Til Two Club, em San Diego

NADA POP – Os shows, no fim das contas, surpreenderam vocês em algum momento? Tudo correspondeu às expectativas, alguma avaliação mais negativa sobre os shows?

THIAGO ROXO – Não, nada negativo, até o show mais vazio, que foi em Bremerton, foi legal. A gente conseguiu esse show de surpresa. Seatlle não deu certo, mas em Tacoma um cara ligou pra esse moleque, de Bremerton, e conseguiu esse show de última hora pra gente. O cara do som era muito figura, o local era um antigo cinema pornô e o som tava foda.
NADA POP – Quais foram os shows mais legais que fizeram? Teve algum lugar específico ou inusitado que surpreendeu vocês?
THIAGO ROXO – O primeiro show em Azusa, na garagem de um moleque, foi bem foda. A molecada tava mal intencionada na dança. O show de Portland, na Punx House, que na verdade é um porão de uma casa, que também é uma loja,  também foi muito foda. Então pra você ver, os melhores shows foram numa garagem e num porão. Las vegas foi legal também, São Francisco. Foi tudo legal!
Lo-Fi em Tacoma, Washington
Lo-Fi em Tacoma, Washington
NADA POP – Sobre a tour, o que ela ensinou pra vocês? Qual o balanço emocional, físico e mental de tudo isso?
THIAGO ROXO – Nós ficamos muito felizes com o a tour, conseguimos ir, mostrar nosso som, fizemos amizades por lá e também com o os Water Rats que conhecíamos pouco e viraram nossos parceiros. A duas bandas se deram muito bem. A lição que fica é que nós não podemos parar e com certeza vamos trabalhar para voltar.
NADA POP – E sobre o Love Songs Vol. 1, vocês conseguiram levantar uma grana por meio de crowdfunding no Catarse. Além de falar como surgiu essa ideia de levantar fundos de forma colaborativa, vocês pensam nesse modelo como o futuro para as bandas independentes?
THIAGO ROXO – A ideia surgiu porque nós não tínhamos o dinheiro pra prensar o Love Songs. Vimos o sucesso de alguns colegas e pensamos: “é isso”. Acho que para o nosso tipo de som e de cena, o financiamento coletivo é uma solução muito boa e viável para diversos tipos de projetos e pode nos ajudar a perder menos dinheiro para lançar e divulgar nossos trabalhos.
Flyer do show em Azusa, Califórnia
Flyer do show em Azusa, Califórnia
NADA POP – Destaquem pra gente, aí mudamos um pouco (muito) de assunto, quais são as principais características (na versão de vocês) que diferencia uma banda podre (entenda-se ótima), de uma banda meia-boca (entenda-se bandas bunda moles).
THIAGO ROXO – Acho que é a vontade de tocar, tocar alto, em qualquer lugar pra uma pessoa ou mil. Sem punheta. E não ter medo de ousar ou inovar por conta de princípios babacas.
NADA POP – Eu não sei se isso é algo que faz parte da banda, ou algo que só envolve o Rogério. Mas sobre os vídeos e entrevistas que (afinal, qual o nome do programa? Se é que tem e eu, apesar de ter assistido vários, ainda não descobri), como é feito, qual é a estrutura e se vocês ainda querem fazer algo relacionado ao programa que ainda não conseguiram, tipo patrocínio ou apenas ter um pouco mais de estrutura (se isso, afinal importa)? Se você, leitor, não faz ideia do que estamos falando, basta CLICAR AQUI
THIAGO ROXO – Na real, as entrevista é mais uma coisa do Rogério e do Nicolas (Weird). Não sei quais são os planos futuros desses dois e quem serão os próximos entrevistados. Sei que eles fazem na raça e com amor, hoje eles estão com um apoio de uma cerveja, mas com certeza precisavam de um patrocínio bom,  porque pra mim é um dos melhores programas de entrevistas que eu já vi.
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Fachada do espaço Shakedown, em San Diego, apresentando os shows de Lo-Fi e Water Rats

NADA POP – Mas pelo que você conhece, e na sua opinião, quem falta entrevistar nesse programa?

THIAGO ROXO – Não sei em quem eles estão pensando no momento, mas na minha opinião eles poderiam entrevistar alguém do Titãs. (Para entender essa pequena “zueira” do Thiago, clique AQUI e assista a entrevista completa com o Canisso, dos Raimundos).
08_Lo-fi_foto
Capa do álbum Love Songs Vol. 1 da Lo-Fi

NADA POP – Agradecemos o papo e deixem alguma mensagem de interesse de vocês, avisos ou qualquer outra coisa que vocês quiserem. Abraço!

THIAGO ROXO – Agradeço ao espaço aqui no Nada Pop, agradeço a Laja e a Weird por abraçar nossas ideias podres e nos darem mais ideias podres, e todos que contribuíram de uma forma ou de outra para o Love Songs. Abraço!
Para ver mais fotos dessa tour, além dos flyers de shows, basta acessar o Flickr do Nada Pop clicando AQUI. As fotos são parte do acervo da Lo-Fi e a publicação delas pelo Nada Pop foi autorizada pela banda. Não deixe de conferir as fotos e curtir as redes sociais da Lo-fi e da Water Rats. Para isso basta clicar AQUI (Lo-fi) e AQUI (Water Rats).

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