Punk, hardcore e alternativo

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Entrevista: 15 anos de Ódio Social

O Ódio Social é uma banda de punk/hardcore nascida em São Paulo. No início, sem recursos ou técnica musical, começaram suas atividades no ano 2000 em um dos muitos bairros esquecidos pela cidade.

Mostrando sempre muita energia em suas apresentações, o Ódio Social se consolida a cada dia com seus lançamentos ano a ano, desde o lançamento de fitas K7 ao indispensável vinil.

Junto às muitas bandas da cena do Brasil, tenta contribuir ao crescimento da mesma tocando desde botecos na periferia a pubs pela Europa.

Essa história continua, pois você irá encontrar esses caras nas ruas da cidade ou em algum dos muitos focos de resistência espalhados por esse mundo.

Leia nossa entrevista com o Ódio Social – 15 anos de história!

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Ódio Social se apresentando na Alemanha

ENTREVISTA ÓDIO SOCIAL

NADA POP – As bandas costumam ter diferentes motivações a cada etapa de sua existência. Como foi o início da banda? O que motiva o Ódio Social hoje? Quais os planos da banda para o futuro?

ÓDIO SOCIAL – Primeiramente, nós do Ódio Social agradecemos mais uma vez o espaço cedido pelo Nada Pop, sempre na ativa e sempre ativando!

No início dos anos 2000 surgiu o Ódio Social, na zona norte da cidade de São Paulo, uma banda sempre com as raízes bem fixadas no punk rock. Nossas letras demonstram indignações e visões da sociedade, dávamos valor a cada novidade e descoberta, a cada dia, bandas novas e antigas eram capturadas em fitas K7 copiadas de um para o outro. Isso era muito legal, ouvíamos aquilo como se fosse um tesouro descoberto.

Eram bandas como Ratos de Porão, Phobia, RRRAICT TUFF, Lokaut (Mortão no vocal), Olho Seco, Ulster, Deserdados, Invasores de Cérebros, Colisão Social, Dead Kenneds, Mob 47, Voz Ativa, MCO, Força Macabra, Kaos, Cólera, as coletâneas SP Punk 1, Sub, Grito Suburbano… Usávamos isso como influência TOTAL do nosso som em nossa fase inicial. Cara era bom demais…

Hoje, apenas o fato de sermos amigos (Douglas + Fabio e Leandro), isso nos motiva, sabemos que temos potencial para realizar coisas legais. Temos planos para o futuro, mas isso vai depender da conspiração do universo (risos). Se tudo der certo uma nova tour, novos discos legais para galera que gosta da gente.

NADA POP – O Ódio Social acaba de voltar de uma recente tour pelo velho continente. Por quais países a banda passou e qual a impressão de vocês sobre o público desses lugares?

ÓDIO SOCIAL – Em nossa primeira tour na Europa passamos por seis países e foi muito especial. Na França, Alemanha, Holanda, Bélgica, República Checa e em Portugal a galera é insana.

Fizemos amigos na Europa, amigos reais que não se importam de qual país você veio e nem a cor da sua pele. São amigos maravilhosos e insanos. Saudade a mil de todos!

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Show do Ódio Social na República Checa

NADA POP – Muito se comenta sobre as diferenças culturais e sobre a forma de público, bandas e espaços de shows encararem a cena independente quando se compara o Brasil à outros países. Quais as principais diferenças que vocês puderam perceber? Qual o saldo dessa turnê para a banda?

ÓDIO SOCIAL – Seria injusto dizer que o Brasil é ruim ou abaixo do país A ou B, temos que ver que em outros países a galera do underground vive 24 horas o underground. Aqui, nem todos vivem o underground 24 por dia. Os motivos é que todo brasileiro que carrega marmita como nós, sabe bem qual e né??

Porém, aqui no Brasil temos uma galera forte, mesmo que em número reduzido, mas temos a nossa resistência aqui também e muitos deles ajudaram o Ódio Social a realizar de uma forma ou outra a nossa tour. Às vezes com uma dica, às vezes passando um contato ou arrumando um local para que nós pudéssemos descansar um pouco antes de pegar estrada para o próximo show.

Enfim, temos nossa resistência aqui também e ela nos ajudou muito! Nós não temos o que reclamar até das partes ruins foram muito dahora. Nós amadurecemos muito como banda, sentimos bem o que é a estrada com a banda e sentimos como podemos e até onde podemos chegar. Somos fortes juntos e realizamos um sonho em comum: nossa primeira tour na Europa! Foi muito foda!

NADA POP – Em uma conversa informal o vocalista e guitarrista Leandro comentou a necessidade de as bandas independentes entrarem em um acordo e passarem a cobrar cachê nas apresentações (exceto em eventos beneficentes) como uma forma de dar início à uma transformação na cena, que seria boa para todos. Quais seriam os benefícios disso e vocês acham que as bandas realmente conseguiriam colocar tal ideia em prática?

ÓDIO SOCIAL – Sim, com certeza. Todos tem que ganhar, concorda? Se uma casa precisa ganhar para sobreviver, a banda precisa também ser autossuficiente e andar com suas próprias pernas. Todos querem bons discos, todos querem bons shows, todo mundo ama as banda GRINGAS. Elas tocam de graça? Acho que não, né?

Por um acaso os caras tiram aquele som poderoso com instrumentos de baixa qualidade? Acho que a resposta e mais uma vez não. Banda punk, hardcore, crust não quer ficar rico com shows, quer pelo menos não ter que tirar do bolso para se apresentar.

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Buttons do Ódio Social em homenagem ao Redson, do Cólera

NADA POP – A música ‘MotoRedson’, homenagem ao já falecido vocalista, guitarrista e líder da banda Cólera, Redson, parece até ter sido escrita pelo próprio em alguns momentos. O quanto Redson e Cólera tem de importância e influência no som do Ódio Social? Como foi ter a participação do Wendel, atual vocalista da banda na gravação?

ÓDIO SOCIAL – O Wendel e um grande amigo, um grande brother, muitos colocaram em cheque o seu desempenho frente ao Cólera, banda mítica e que dispensa comentários.

Enquanto as pessoas duvidavam dele, nós o convidamos para cantar uma musica muito importante para nós em homenagem ao Redson, a já citada “MotoRedson” no disco, mais importante da carreira do Ódio Social ate então o disco “Jovens mortos”. Nós confiamos nele e demonstramos amizade e isso ele sabe bem, nós aqui torcemos muito para que ele continue representando como sempre frente ao grande Cólera! Como também já foi citado no início, o Cólera sempre fez e sempre vai fazer parte de nossas influências.

AQUELE GRITO NUNCA SERA EM VÃO!

NADA POP – Aproveitando a deixa, como foi o processo de gravação do álbum ‘Jovens mortos…’ e qual foi o critério para escolha das participações especiais ao longo do disco?

ÓDIO SOCIAL – A respeito das participações, escolhemos pessoas que sempre nos ajudaram e que nós influenciam ate hoje. Ficamos muito agradecidos de todos terem aceitado o convite e fizeram o seu melhor. Quem não escutou o disco deixo aqui a curiosidade de ver essas míticas participações mais que especiais!

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NADA POP – Dessa vez a banda optou por lançar o álbum através do selo Redstar Records. Qual foi o impacto dessa escolha na distribuição do trabalho e no alcance, comparado aos lançamentos tradicionais independentes?

ÓDIO SOCIAL – Foi uma parceria com a Redstar Records, que foi muito especial para nós e agradecemos muito o interesse do selo pelo Ódio Social. Ouve um esforço muito grande para fazer um bom trabalho, trabalho que despertou o interesse de um selo tão importante quanto a Redstar – creio que este seja um dos maiores da América Latina – e isso nós deixa cada vez mais confiantes, pois com este grande apoio nosso som chegou a lugares que nós sozinhos não conseguiríamos chegar. É um trabalho muito forte que o Jefferson faz a frente da Redstar e agradecemos muito este apoio e esta parceria que ele fechou com esses podres barulhentos do Ódio Social.

E vem mais coisa por ai… Aguardem!

NADA POP – O clipe da música ‘Traços de um povo’, animação feita por Leandro Franco, fez bastante sucesso. De onde partiu a ideia do clipe? E do disco novo, existe algum projeto de clipe para algumas das músicas?

ÓDIO SOCIAL – O Leandro Franco e um grande brother e também tem banda, o Asteroides Trio, é um cara que ajuda as bandas com os clipes e o cara é firmeza. Este clipe veio em uma época muito importante para nós, pois precisávamos de um clipe novo na internet e o roteiro foi feito em conjunto Ódio Social + Leandro Franco. O disco novo esta aí firme e forte e em breve teremos mais uma parceria com o grande artista Leandro Franco.

NADA POP – A banda sempre mostrou certa coragem, tanto em seu discurso quanto em suas atitudes, como lançar um EP em vinil e fita cassete, formatos subestimados até bem pouco tempo atrás. Quais as vantagens e desvantagens de apostar nesses formatos?

ÓDIO SOCIAL – Na verdade não foram apostas e tals, foram as realizações de um sonho em comum de cada integrante da banda. Lançar um vinil foi um grande sonho que nós conseguimos realizar juntos. Fitas K7 desde 2000 o Ódio Social sempre lançou, aliás, foi o primeiro formato adotado pela banda. Curiosidade: na Europa as fitas K7 e os vinis dominam!

show_odio_socialNADA POP – Esse ano o Ódio Social completa 15 anos. O que vocês estão preparando para celebrar essa marca e o que, na opinião de vocês, foi fundamental para que chegassem até aqui, relevantes e servindo de referência para tantas outras bandas da cena? Por favor, falem do show no Morfeus Club, beleza?

ÓDIO SOCIAL – A banda chega aos 15 anos de carreira! Já tocamos em todos os botecos que vocês possam imaginar, muitos festivais importantes! Nós sempre primamos por fazer músicas novas e gravar discos. Isso, pelo menos para nós, reanima e nos dá força, pois estamos ativos e cheios de ideias. As ruas são a nossa inspiração, de lá que tiramos nossas visões. Este é o real significado do nome “ÓDIOSOCIAL” – visões das ruas, visões do nosso cotidiano…

Para comemorar essa data tão querida nos faremos uma grande festa, que será realizada no Morfeus Club, localizado na Rua Ana Cintra, no centro de São Paulo.

Peço a todos os punks, hardcore, crusts, grind, enfim… Toda a galera que tiver a fim de curtir um rolê histórico cole no Morfeus e não deixe de participar, pois este festival vai fazer você se lembrar do real espírito de cooperação. Um dia para rever os velhos amigos e assistir as velhas e novas bandas, bandas que ainda tocam o nosso revoltado coração!

Pois somos punk´s sempre… Punks de coração!

Até o dia 16 amigos!

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SERVIÇO

15 anos de Ódio Social

Local: Morfeus Club – Rua Ana Cintra, 110 – Próximo do metrô Santa Cecília
Quando: 16 de agosto (domingo)
Entrada: R$ 10
Com as bandas Ódio SOcial, Kob 82, Histeria Coletiva, RRRAICT TUFF, Sub Existência, Agaglock, Sistema Sangria, Deserdados e Mollotov Attack
Mais informações acesse a página do evento: http://migre.me/r2zkE

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