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Alarde anuncia tour pelo Sul e lança clipe de “Abismo ao Redor”

tour_alarde_flyerHá pouco mais de um ano publicamos no Nada Pop uma entrevista com a banda Alarde a respeito de seu novo álbum intitulado “Abismo ao Redor”. No início do texto fizemos questão de destacar a densidade do álbum, “com letras que beiram a filosofia moderna, críticas sociais embutidas de expurgos sentimentais, guitarras psicodélicas que usufruem de elementos jazzísticos, distorções e poesias sobre o precipício humano… Este precipício humano que resiste, insiste e que apesar de tudo, ainda encontra motivos para se buscar, por meio da arte, algum sentido qualquer que se possa convida-lo a ficar e esclarecer que diabos estamos fazendo aqui?”.

Desde a primeira publicação sobre a Alarde começamos a acompanhar o trabalho, shows e até uma tour pelo nordeste realizada no ano passado pela banda. É o tipo de banda que pensa na música e age de acordo com o que ela pede, focando em alcançar mais e mais ouvidos e deixando que seu álbum seja absorvido e sentido aos poucos. Nesta terça-feira (03/11), além do laçamento do clipe da música “Abismo ao Redor”, a banda também anuncia uma nova turnê e dessa vez pelo Rio Grande do Sul – com início em 19 de novembro – e que irá percorrer as cidades de Porto Alegre, Santa Cruz do Sul, Estrela e São Leopoldo.

Para falar sobre o clipe e sobre a tour conversamos com o Luiz, guitarra e vocal da Alarde, sobre a produção e realização do clipe, bem como a perspectiva da passagem da banda pelo Sul e importância de se manter na estrada, olhando nos olhos do público. Leia abaixo!

NADA POP – A divulgação do álbum “Abismo ao Redor” continua forte e firme com a banda se mantendo na estrada. Divulgação online ajuda, mas como vocês observam a importância de se manter na estrada, tocando ao vivo e olhando nos olhos do público?

ALARDE – Poder fazer shows em diversas cidades, formar público novo, voltar a lugares que já tocamos, é sempre uma realização e é o objetivo pelo qual a gente investe nesse rolê de banda. Sim, é fundamental cair na estrada e tocar ao vivo pro público que acompanha nosso trabalho, mesmo com todas as dificuldades de grana, infra estrutura, perrengues em geral, a gente tem conseguido circular de uma forma sincera e com foco sempre na música, na performance, na qualidade do show.

Faz um ano e meio que lançamos o Abismo ao redor e trabalhar a divulgação com clipes, matérias, divulgação na internet, tudo só faz sentido quando há o encontro com o ouvinte e a mensagem se completa, na intensidade e pressão de cada show.

Alarde - Foto por Thais Fernando
Alarde – Foto por Thais Fernando

NADA POP – Antes de entrar no bate-papo dessa nova tour pelo Rio Grande do Sul, gostaria que vocês comentassem como foi a tour de vocês pelo nordeste em 2014, quantos shows e por quais Estados. Qual foi a lição, seja ela boa ou ruim (ou as duas), como foi a recepção do público, dos espaços em que vocês tocaram e qual o sentimento ao olhar para esses shows depois de algum tempo?

ALARDE – A turnê pelo Nordeste foi de 16 shows nos Estados da Bahia, Sergipe, Pernambuco e Paraíba. Tocamos em bares, festivais, praças, livraria, aparição nas mídias locais, porém mais do que shows, foi uma jornada de 10 mil km de carro pelo litoral brasileiro, uma experiência muito rica de conhecer as cidades, poder trocar com as pessoas e se inserir em cada cena local. Muito jogo de cintura para se “manter no jogo” mesmo com as adversidades da estrada, para que finalmente na hora do show, a comunicação seja natural e sincera com o público. Foi legal demais tocar em Recife, Aracaju, João Pessoa, Salvador, as cidades do interior da Bahia, a gente chegava com sangue nos olhos pra mostrar nossa música e foi recompensador o carinho com que nos receberam, a energia dos shows e a mensagem que conseguimos passar. Certo de que é loucura fazer uma viagem tão longa assim de carro, mas é preciso dar as caras e levar nosso trabalho conforme as oportunidades aparecem. Esperamos poder voltar ao Nordeste no ano que vem

NADA POP – E essa nova tour, indo de um extremo ao outro do país, quais são os lugares e datas que vocês irão tocar e reiterem, por favor, a importância de se manter na estrada. Deem uma dica para as outras bandas que pretendem viajar por aí de como organizar tour e conseguir datas para tocar em outras regiões, talvez seja importante para quem tem esse interesse.

ALARDE – É especial e muito significativo, no período de um ano, cruzar o país fazendo shows e divulgando nosso trabalho. Desde o lançamento do Abismo ao redor em 2014, a gente tocou em várias capitais, diversas cidades no interior e conseguiu viabilizar uma boa sequência de shows durante 2015 também. Com produção do selo Esporro Records de Porto Alegre, a gente vai tocar pela primeira vez no Rio Grande do Sul, na Capital, Santa Cruz do Sul, Estrela e São Leopoldo, além de apresentação na TV e rádio locais. Será uma turnê tiro curto, em 5 dias, com 4 shows e divulgação na mídia. Estamos na expectativa boa de poder fazer nossa estreia em solo gaúcho e poder apresentar nossa música, dialogar com a galera local e plantar a semente de uma turnê maior na região em breve.

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Alarde – Foto por Thais Fernando

Organizar turnês é realmente bem trabalhoso e muita vezes chato. É fato que com a internet o contato fica mais próximo e você consegue estudar a cena local através de conversas com músicos da região. A parte boa é que você vai construindo seu itinerário e fica no tesão pra cair na estrada e fazer os shows. Conhece pessoas e vive a rotina de tocar bastante. Tem muito babaca e aproveitador também e é preciso sempre estar esperto para não ser enganado. Enfim, é uma energia tão grande que você despende pra fazer todos os contatos que pode interferir em ensaios, composições, ou seja, quanto mais você puder focar apenas na música, dividir tarefas e ter alguém que possa concentrar esforços pra marcar os shows, os resultados serão melhores.

Esse papo de que artista deve ser empreendedor, gerir sua banda como uma empresa, é realmente um saco. Tem muito músico que é político, designer, empresário, mestre em edital e a música fica em segundo plano.

Minha opinião é que para conseguir datas e tocar em outros lugares é fundamental ter um trabalho consistente, pelo menos um disco bem gravado e divulgado de forma correta, para que assim possa traçar uma rota para turnê, fazer contato com bandas locais, produtores, se informar sobre as casas de show, negociar e valorizar seu trampo. Estar ciente que o prejuízo é iminente e mesmo assim produzir os shows de maneira profissional. Planejar conforme as oportunidades e as limitações.

NADA POP – Quem dirigiu o clipe da música “Abismo ao Redor”, onde foi gravado e conta quem são as pessoas que estão apoiando a banda tanto para realização do clipe quanto para a tour.

ALARDE – O novo videoclipe foi gravado no Cine Santana, um teatro dos anos 50 em São José dos Campos/SP, revitalizado recentemente e foi o espaço perfeito para concepção que a gente buscava. Aproveitamos o fim da turnê pelo interior de SP e RJ em julho e fizemos a produção. Contamos com a direção de fotografia do Padu Palmerio (diretor do “Vida Bandida”) e do Caio Nigro. Tivemos o suporte fundamental de equipamentos pelo Estúdio E Jacareí e pela Gibson Locações. O resultado ficou além da nossa expectativa e conseguimos transmitir a intensidade que música passa.

NADA POP – Tem coisa nova da Alarde vindo por aí? Sentem essa necessidade que parece ser a nova tendência entre as bandas (com exigência em parte do público) de lançarem músicas novas de tempos em tempos? O que pensam a respeito disso?

ALARDE – Em 2016, o Alarde completa 10 anos de estrada e nosso plano é entrar em estúdio para gravação do terceiro disco. Estamos produzindo um programa de web tv em que a banda se apresenta ao vivo tocando canções dos dois discos e compondo novas músicas, absorvendo as influências, testando a sonoridade e vislumbrando ainda qual direção seguir. Esse processo é o mais legal e natural. Vai fluindo pela intuição e muito ensaio.

Essa necessidade de se lançar músicas novas não faz parte do nosso ritmo de criação. Preferimos conceber um repertório cheio que represente a fase da banda, do que lançar material avulso em função de uma suposta exigência. Em tempos de consumo de música pela internet, tudo fica com um tempo muito curto de validade. Por isso, preferimos trabalhar o disco como um todo, explorando cada canção e dar o tempo necessário para que o ouvinte possa absorver todo o repertório.

Acesse a página oficial da Alarde: http://migre.me/rZUbh

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