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Não nos traumatizamos o suficiente ainda

Aévore – Por Rafael Moralez

Saudações povo abençoado por deus e bonito por natureza… …ou nem tanto assim!

Hoje vamos falar dele, o “Medo”, aquele cagaçozinho-padrão que você já deve ter sentido em algum momento de sua existência. Aquela situação em que você sente uma parte de seu aparelho digestivo/excretor entrar em funcionamento de maneira distinta do convencional ou aquela hora em que você vira pra alguém do seu lado e diz, “…cara, deu merda!”. Tipo quando o Bozonaro ganhou a eleição, se bem que aí não foi medo, foi vontade vomitar, decepção e tristeza… …é diferente.

Bem diferente!

O contrário de medo não é coragem, é mais a habilidade de lidar com a situação que nos coloca em perigo ou nos amedronta. O medo é natural do ser humano, sem ele os homens de cro-magnon-Magnon, homo neanderthalis e seus camaradas não teriam sobrevivido até a evolução gerar essa humanidade besta que aí está. Isso envolve eu, você e meu vizinho que grita “Fica Bolsonaro, fora Dória comunista!”

…ele evoluiu bem pouco, acho que não tem solução!

O ser humano dito moderno possui múltiplos medos, o salvador é um só, ou dois, deus e o dinheiro. Por vezes na busca por deus você tem que usar o dinheiro. Pastores e líderes religiosos estão aí para pegar parte do seu salário. Sei da história de uma pessoa que ficou tão doente que tinha só uma célula no corpo todo, aquele pastor que usa chapéu de caubói curou e agora ele tem todas as células… …é de glorificar em pé na igreja!

Sei também de uma história de uma mulher loira que aparece nos banheiros de escola com algodão no nariz falando “…tiraaaaa, tiraaaa!”, a famosa loira do banheiro, nunca vi, mas dizem que ela existe, é quente essa informação. Quando cursava a 4ª série C, ensino fundamental na escola municipal perto de casa, lá no interior de São Paulo, o Silvinho, um moleque cretino do 1º colegial, cujo pai trazia muamba do Paraguai, disse que se você der descarga, bater a porta do box e chutar o vaso sanitário tudo ao mesmo tempo ela aparece. Não tentei, quem sabe nessa quarentena!

O ser humano se adapta, e o problema pode ser justamente essa capacidade rápida de se adaptar. No caso da sociedade brasileira, mansa por natureza, estamos adaptados aos absurdos que a necropolítica nos impõem. Não temos mais medo, não nos traumatizamos mais. Qualquer absurdo que o meio político nos oferece é bem digerido, rapidamente vira piada, meme, um artigo de algum intelectual-júnior, vários textos lacradores no facebook e meia dúzia posicionamentos da “dita” oposição.

Aquilo que deveria ser traumático e motivador de transformação virou rotina. Isso tudo até o próximo trauma… …que já aconteceu! Se perdeu o trauma mais recente você pode esperar pelo próximo, é rapidinho, igual Metrô!

O trauma tem a peculiaridade de retomar um evento de ruptura do passado para uma condição do presente, não sendo concretizado quando da primeira vez que o evento acontece, mas sim, quando o indivíduo se vê diante da mesma situação no futuro.

Para Freud, sendo bastante superficial, o trauma tem ligação com alguma situação a qual não temos condição de lidar. Enquanto coletivo social nossos traumas do passado deveriam ter nos orientado para lidar com o presente, quiçá futuro, “Nenhuma geração é capaz de esconder eventos psíquicos relevantes daquela que a sucede” (Totem e Tabu, 1913).

Considerando nossa colonização, o passado político e a construção da desigual sociedade que aí está… …não nos traumatizamos o suficiente ainda!

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