STATUES ON FIRE
I HATE YOUR GOD
Ouvir a Statues on Fire é como caminhar pelo centro de São Paulo, onde prédios altos e cinzas se tornam parte de um cenário degradante que mistura a miséria dos desabrigados com a ilusão de lugares que ainda revelam um tempo passado que há muito não dá sinais de desenvolvimento. É a constante lembrança de que não evoluímos em praticamente em nada e se não tomarmos os devidos cuidados podemos regredir mais e mais. As guitarras aceleradas e a bateria frenética da faixa “I Hate Your God” convergem em um vocal que se assemelha a uma pessoa cansada e com raiva, mas que não parece ter qualquer esperança em melhorias. É aquele desabafo que esconde uma denúncia, que revolta e nos coloca em uma posição de questionamento e ao mesmo tempo nos força a fazer alguma coisa, nem que seja na descrença pura e simples de promessas vazias e demagógicas.
A faixa é uma demonstração do que virá para o próximo quarto álbum da banda que celebra dez anos de existência, mas com integrantes que acumulam uma tonelada de experiências em outras bandas, tours pela Europa, projetos individuais e até um estúdio. Não coincidentemente a Statues on Fire é uma das melhores bandas da atualidade no país e que não se ancora em outros grupos ou nomes do cenário para apresentar seus discos e fazer shows. Nessa faixa, como o próprio título deve dar a entender, eles se voltam contra a hipocrisia e manipulação de falsos líderes religiosos. “Não é novo em dizer que a religião é usada para convencer e manipular as pessoas, entrando em suas maiores fraquezas e incertezas, basta ver aqueles pastores fundamentalistas americanos, bem com pegar a história do mundo, quando Roma fez engolir o cristianismo como religião oficial. Não cabe a mim dizer se Deus existe, o lance é essa interpretação do que foi escrito há séculos e tirar as suas próprias conclusões”, diz a banda.
Vale dizer que esse é o primeiro lançamento em parceria com a Repetente Records, selo de três músicos do CPM 22: Badauí, Phil Fargnoli e Ali Zaher, além do diretor artístico Rick Lion. O objetivo do selo, que surgiu em 2022, visa fortalecer o rock/punk rock em parceria com uma das maiores distribuidoras de música digital do mundo, a inglesa Ditto Music, além de assessoria de imprensa da Tedesco Mídia. Fazem parte do selo as bandas Anônimos Anônimos, Fibonattis, Faca Preta, Escombro, Magüerbes, Bayside Kings e a própria Statues on Fire.
Barista sonoro Maurício Martins
Categoria Coffee Sounds
Data: 24 de junho de 2023